Hans Christian Andersen tem um conto chamado A pequena vendedora de fósforos sobre a
estória de uma órfã que sobrevivia vendendo fósforos na rua. Num
certo dia, véspera do natal, essa menina enfrentou a neve e o vento para conseguir
vender alguns fósforos para ter o que comer, porém não teve sucesso e terminou sem
nenhum tostão. Não tendo para onde ir e nem o que comer vagou pela cidade
observando aqueles que tinham mais condições do que ela. Entristecida foi para
debaixo de uma construção para se proteger do frio e lá ela começou acender os
fósforos, um por um, e cada vez que acendia um deles imaginava que tinha aonde
ir, o que comer e uma família amorosa. E assim foi, ela alucinando e os
fósforos acabando. Na manhã seguinte a menina foi encontrada morta e congelada.
Esse é um conto muito triste, não só porque revela uma
verdade, da fome e do abandono, que acontece no mundo inteiro, como também
revela uma outra verdade simbólica: a de que muitas vezes vivemos presos às
nossas alucinações e não fazemos nada para mudar essa situação. Morremos de
fome de significados.
Quantas pessoas não preferem ficar presas às suas
imaginações do que enfrentar a vida real? Gastam todos os fósforos, mas não
pensam que poderiam fazer uma fogueira. Essa menina do conto não tinha
condições de mudar sua situação, ela necessitava de ajuda, mas o que dizer das
pessoas que tendo condições jogam fora oportunidades e coisas boas para viver
no vazio da ilusão? O problema é que ilusão é que nem fumaça, ou seja, não dá
para pegar.
Para alguém se realizar de fato precisa deixar de lado as
ilusões e começar a trabalhar dentro da realidade. Porém a realidade nunca é
fácil como as alucinações. Estas não exigem esforço nenhum e vêm facilmente, mas
tal como a fumaça não enche barriga, o que nesse caso significa que não trazem
significados para a vida. É bom sonhar, pois os sonhos nos enriquecem e
permitem vislumbrar uma possibilidade no futuro, mas é sempre bom lembrar que
sonhar não tem nada a ver com alucinar. A alucinação é para quem não suporta a
realidade, não para quem quer construir algo. É importante não nos perdemos nas
nossas ilusões e viver a vida de forma mais proveitosa.
Para assistir:
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