Segundo uma pesquisa americana os sites de fofoca sobre a vida das celebridades são os sites mais
acessados do planeta, quase se igualando ou perdendo por pouco dos sites de
pornografia. Por que será que isso se dá? O que será que leva tantas pessoas a
procurar saber da vida de outras que no fundo não conhecem e jamais,
provavelmente, vão vir a conhecer de fato?
Provavelmente a resposta para essas perguntas seja que no
fundo não pensamos sobre nós mesmos verdadeiramente. Quase nunca somos objetos
de auto-reflexão. Preferimos pensar sobre os outros e nunca sobre nós. É uma
forma de se irresponsabilizar perante a própria vida. A avidez por fofocas
revela que muitas pessoas são curiosas apenas quando se refere ao mundo dos
outros e não demonstram o menor esforço para entender o próprio mundo interno.
Secretamente queremos ser todos celebridades. É que ser
uma celebridade traz a ilusão de ser amado amplamente e incondicionalmente e
quem não quer ser amado? Todos queremos e com isso nos identificamos com
figuras que ocupam esse lugar, mesmo que esse lugar seja pura ilusão e não a
realidade de fato. Para abrir mão da ilusão é necessário crescer, ou seja, se
responsabilizar pela própria vida, pensar sobre si. Enfim, tudo o que muita
gente foge.
Ao mesmo tempo que nos identificamos com algumas das
celebridades que se colocam disponíveis para tal também temos, secretamente, um
prazer quando uma delas derrapa e se torna vítima de intrigas. Esse prazer é
como se fosse uma vitória sobre essas mesmas celebridades que nos despertaram
inveja. Ficamos regalados ao saber que nem tudo é tão dourado assim em suas vidas e nos sentimos compensados.
Se ao invés de olharmos tanto para fora e lá procurarmos
sentidos, pudéssemos olhar mais para nós esses sites de intrigas não fariam
tanto sucesso e nem precisaríamos criar celebridades. Nossos objetos de
pensamento seriam nossas próprias vidas. Nos reiventaríamos mais e viveríamos
mais. As palavras estariam mais a serviço de nosso desenvolvimento e não dos
preconceitos e julgamentos. Nossos sentimentos mais nobres teriam lugar. O
mundo teria muito a ganhar se passássemos da posição de observadores alheios para
a de auto-observadores.
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