segunda-feira, 8 de julho de 2013

Xingamentos


            Um ator conhecido do Rio de Janeiro ao passar um tempo com seu filho de dois anos e este último aprontando alguma artimanha (qual criança não apronta?) o chamou de débil mental.  Consigo entender que muitas vezes todas as pessoas ficam mesmo fora do sério. Somos humanos e errar é mesmo algo que sempre está presente em nossas vidas. O problema é quando não conseguimos nos conter e passamos dos limites.
            É mais do que natural que um pai ou mãe, uma hora ou outra, venha a ficar bravo com seus filhos e venha chamar a sua atenção ou até lhes passar uma bronca. São atitudes que fazem parte da vida e podem até ser boas experiências. Porém, quando se passa um pito a uma criança ou critica-se qualquer um que seja é necessário ter cuidado como isso vai se dar, pois uma palavra errada, repetidas vezes, pode marcar e criar um estigma para o resto da vida.
            Chamar a atenção ou dar uma bronca nada mais é do que educar e a educação não se dá através de um rótulo. Seu débil mental é rotular da pior maneira possível uma pessoa. Isso não educa, apenas convida o outro a odiar a si mesmo. Como chamamos as crianças é assunto que deve ser levado seriamente porque elas aprenderão a se ver da maneira que nós a vemos. Ninguém nasce com boa auto-estima ou com autoconfiança, mas isso é algo que vai se desenvolvendo através das experiências de vida. As crianças são atentas ao que os adultos dizem, escutam seus pais e acreditam no que ouvem. Dá, então, para perceber a gravidade do que falamos.
            Educar, contudo, é muito mais difícil do que xingar, já que educar implica em trabalhar uma maneira de se conversar com a criança. Se fazer entender é sempre tarefa árdua e constante, porém é justamente isso que faz com que sejamos verdadeiramente humanos. Reagir a uma irritação impulsivamente é característico de uma mente primitiva que não tolera as frustrações e desconhece o que é educação. Ouvir as artimanhas das crianças e saber lidar com elas é muito melhor, mas demanda uma mente que possa se conter e criar maneiras de mostrar que a criança também precisa aprender a se conter. Esse ator queria que seu filho se comportasse, se contivesse, mas como ele pode ensinar isso ao filho se ele mesmo não age desta maneira? Crianças cuidando de crianças nunca dá certo.

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