No passado eu e minha
mulher tivemos alguns desentendimentos. Nos separamos por um tempo, nada
jurídico, mas de corpo e ficamos uns seis meses sem um ver o outro. Nesse tempo
tive outras mulheres, mas ganhei a certeza de que amava mesmo a minha mulher.
Voltamos e logo depois ela engravidou. Ela foi totalmente honesta e me disse que
o filho não era meu, mas de um relacionamento casual que ela teve antes de
voltarmos. Ela chorou e disse que se arrependia e que o homem nada significou
para ela. Ela até propôs fazer um aborto. Nós conversamos e decidimos que o
filho que ela carregava era para todos os efeitos meu de fato. E assim foi.
Hoje vivemos bem e o passado é o passado. Nasceu nossa filha que tem hoje 4
anos e é a minha princesa. A grande verdade é que sinto ela como minha filha
mesmo. Não tenho dúvidas a esse respeito. O problema é minha mãe. Ela desconfia
que minha menina não seja minha filha biológica e vive me falando isso. Faz
distinção entre minha filha e outros netos e quer que eu faça um teste de DNA
para provar se é mesmo minha filha. O que faço? Será que me abro com ela? Mas
tenho medo de que ela vai contar para todo mundo e não quero que isso aconteça.
Não quero que ninguém olhe para minha filha e para mim e minha mulher de um
jeito estranho, mas não sei como proceder. O que acha?
O
que torna alguém nosso filho é o amor e não a condição sanguínea. O que une uma
família é a qualidade dos relacionamentos e não a força do sangue. Por isso
mesmo que uma família pode se constituir de variadas maneiras e com variados
personagens. Não há o jeito certo de ser família. Quando há amor na vida da
família é o que importa, o resto é simplesmente o resto.
A menina é sua filha e isso você
deixou bem claro. Parabéns por ser capaz de amar sem preconceitos. Essa atitude
não é para qualquer homem. Só para aqueles que contam com grande capacidade de
amar. O que a torna sua filha não é o sangue que ela carrega, mas a forma que
você pode amá-la. Você ama sua filha e sua mulher e isso fortalece a união de
vocês. Consegue deixar o passado para trás, viver o que há de bom hoje e
constrói um futuro bonito, então por que estragar tudo isso? Por que não
preservar o que você vive e que não diz respeito a mais ninguém?
Sua mãe causa intrigas e o melhor
que você pode fazer a esse respeito é podar essa atitude dela. Quem teria que
se chatear ou se preocupar com essa situação é você, mas você não tem nenhuma
preocupação a esse respeito. O que lhe perturba é o fato de sua paz familiar estar
em perigo com a insistência de sua mãe. Ela valoriza o sangue e a tradição e
não parece ser capaz de reconhecer a força do amor. Será que você precisa mesmo
abrir o jogo com alguém que você não confia, mesmo que seja a sua mãe?
A questão que você enfrenta é se vai entrar na intriga da sua mãe. Otelo, obra de Shakespeare, conta com maestria o poder devastador que uma intriga pode ter. O pérfido Iago faz variadas intrigas sobre Desdêmona para Otelo, seu amado, e no final uma tragédia acontece. Quem entra numa intriga não pode esperar um bom resultado. Você precisa, o quanto antes, cortar essa atitude de sua mãe, afinal ela está se metendo onde não deve. É a sua paz e a da sua família que está em jogo e isso não deve ser desprezado. Seja diferente de Otelo e evite intrigas e tragédias.
Muito bem meu caro mestre em psicologia!
ResponderExcluirÉ isso aÍ!Se ela já faz distinção sem saber a verdade, a avó, imagina quando souber.Esse é um assunto entre ele e a mulher dele.Se está mesmo resolvido ,vão em frente.A mãe dele vai se cansar de insistir e um dia quem sabe será essa neta (postiça) que vai ampará-la na velhice e devolver o amor que não teve.A vida é uma roda.hoje estamos em cima mas amanhã com certeza estaremos por baixo,Se todos pensassem assim o mundo seria muito melhor.Pensassem e agissem.