Freud
usou o termo narcisismo para descrever um estado mental que traz muito
empobrecimento. Ele tirou esse termo da lenda grega de Narciso que era um belo
jovem que ia todos os dias admirar seu reflexo num lago. Ele recebia atenção de
muitos por sua notável beleza, porém nunca olhava para ninguém que não fosse a
si próprio. Um dia caiu no lago em que se auto-admirava e morreu afogado. No
local em que morreu nasceu uma flor que recebeu seu nome.
É
natural e esperado que algum grau de narcisismo todos tenhamos. O bebê, por
exemplo, é puro narcisismo, pois acha que o mundo e a mãe existem apenas para
satisfazê-lo. O bebê não entende que há outros fora dele. No começo da vida
podemos ter essas ilusões senão seria muito difícil viver. Conforme esse bebê
cresce, ele tem a chance de perceber que ele não é o único no mundo e que
outros estão presentes e têm necessidades. É necessário, então, se adaptar. Claro
que algum resquício do narcisismo infantil permanece quando somos adultos, mas
quando isso fica muito intenso é que aparece os problemas..
Tal
como o Narciso do mito os narcisistas da vida real não estabelecem ligações verdadeiras
com os outros. Ficam auto-investidos, sem conseguirem investir em
relacionamentos externos e excluem tudo e todos que não seja a si próprio. Por
isso que há um empobrecimento, já que se isolam e tendem a cultivar ilusões de
que se bastam e de que os outros só existem para confirmar sua importância, mas
o fato é que precisamos dos outros.
O
narcisista não reconhece o outro como independente, um ser a parte, mas o tem
como parte de sua mente e que está ali para satisfazer seus desejos. Por isso
mesmo os narcisistas são pessoas que têm uma baixa tolerância a frustrações e
se irritam facilmente quando suas vontades não são atendidas. Tratam o outro
como objeto, não como pessoa. Se afogam em si mesmos numa pobreza interna. Não
é fácil deixarmos o narcisismo e passarmos a ser humanos de fato. É sempre um
processo doloroso, mas que se faz vital para que cresçamos humanamente e com
qualidade.
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