segunda-feira, 8 de abril de 2013

Narcisismo



            Freud usou o termo narcisismo para descrever um estado mental que traz muito empobrecimento. Ele tirou esse termo da lenda grega de Narciso que era um belo jovem que ia todos os dias admirar seu reflexo num lago. Ele recebia atenção de muitos por sua notável beleza, porém nunca olhava para ninguém que não fosse a si próprio. Um dia caiu no lago em que se auto-admirava e morreu afogado. No local em que morreu nasceu uma flor que recebeu seu nome.
            É natural e esperado que algum grau de narcisismo todos tenhamos. O bebê, por exemplo, é puro narcisismo, pois acha que o mundo e a mãe existem apenas para satisfazê-lo. O bebê não entende que há outros fora dele. No começo da vida podemos ter essas ilusões senão seria muito difícil viver. Conforme esse bebê cresce, ele tem a chance de perceber que ele não é o único no mundo e que outros estão presentes e têm necessidades. É necessário, então, se adaptar. Claro que algum resquício do narcisismo infantil permanece quando somos adultos, mas quando isso fica muito intenso é que aparece os problemas..
            Tal como o Narciso do mito os narcisistas da vida real não estabelecem ligações verdadeiras com os outros. Ficam auto-investidos, sem conseguirem investir em relacionamentos externos e excluem tudo e todos que não seja a si próprio. Por isso que há um empobrecimento, já que se isolam e tendem a cultivar ilusões de que se bastam e de que os outros só existem para confirmar sua importância, mas o fato é que precisamos dos outros.
            O narcisista não reconhece o outro como independente, um ser a parte, mas o tem como parte de sua mente e que está ali para satisfazer seus desejos. Por isso mesmo os narcisistas são pessoas que têm uma baixa tolerância a frustrações e se irritam facilmente quando suas vontades não são atendidas. Tratam o outro como objeto, não como pessoa. Se afogam em si mesmos numa pobreza interna. Não é fácil deixarmos o narcisismo e passarmos a ser humanos de fato. É sempre um processo doloroso, mas que se faz vital para que cresçamos humanamente e com qualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário