Uma das maiores queixas de quem entra numa análise é que
se trata, de certa forma, de um processo que exige um tempo. Querem ter suas angústias e
problemas resolvidos o mais rápido possível. Aliás, quem não gostaria disso? Só
que em análise as coisas não se dão assim e é necessária uma tolerância com a
espera.
Essa espera tem uma razão. É porque numa análise o que
está em questão é a subjetividade e esta não se resolve num piscar de olhos ou
da noite para o dia. Exige tempo para que seja construída, vivida e pensada. A
subjetividade, essa coisa tão imaterial e amorfa, é justamente o que nos dá uma
identidade. Que nos forma em quem somos. Muitas vezes nos tornamos pessoas que
não estão bem, que sofremos e para se mudar isso é preciso se entender
variáveis dessa mesma subjetividade que levaram a isso. Esse processo leva
tempo e exige muita atenção.
Computadores e máquinas podem ser programados. Humanos
não. Eles precisam se fazer, aprender com as próprias experiências e com a
vida. Nossas vidas são muito mais complexas do que máquinas e por isso mesmo
exige também mais trabalho e investimento. Não ter paciência com o tempo que o
caminho do autoconhecimento demanda é uma forma de se desumanizar, ou seja, de
tirar a oportunidade de desenvolver o que pode haver de melhor dentro de si.
Na estória infantil dos três porquinhos, o primeiro
porquinho construiu uma casinha de palha, que não exigiu esforço e tempo
nenhum, e não é a toa que essa mesma casinha foi embora com o sopro do lobo. Já
o segundo levou um pouquinho mais de tempo e teve um pouquinho mais de trabalho
ao levantar uma cabana de madeira. Por isso mesmo o lobo levou mais tempo para
derrubá-la. Já o terceiro porquinho usou seu tempo para construir algo mais
seguro e confiável, tanto que o lobo falhou em destruí-la. Até nessas estórias infantis
podemos aprender que se queremos algo que seja de valor devemos investir nisso.
Agora vamos imaginar que em vez de casinhas essa estória falasse de se
construir uma mente. Qual mente você gostaria de construir? Qual delas você
preferiria confiar?
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