Meu
filho tem 9 anos e é um menino encantador. É meu único filho e tenho grande
amor por ele. Meu marido e eu estamos brigando muito ultimamente por causa do
jeito dele e eu sempre perco porque meu marido é mais forte nos argumentos. Meu
marido acha que nosso filho é muito “delicado” e que isso pode trazer problemas
para ele no futuro. Ele quer que ele seja mais agressivo e se comporte mais
como um menino. Não que ele faça coisas de menina, mas ele comparado com outros
meninos de sua idade é bem mais sossegado. Ele não gosta de esportes agressivos
e nem é dado a valentão. Meu marido queria que ele fosse assim e fica zangado
com ele toda a hora, dizendo para parar de ser maricas. Meu marido também diz
que ele é assim, mais “delicado” por que é filho único e eu o mimo demais, mas
eu não acho isso. Lógico que eu cuido dele e tenho amor, mas eu não mimo não.
Pelo menos é o que eu acho. Meu marido quer colocar ele para fazer alguma luta
mas meu filho disse para mim que quer estudar violino. Se meu marido sabe disso
aí ele vai ficar muito bravo. Não sei o que faço.
Por que colocar delicado
entre aspas? Não há nada demais na palavra delicado
para ser usada desta forma, como se indicasse uma vergonha. Entretanto, creio
que você quis se referir a efeminado ao usar a palavra delicado, porém é importante saber que há uma diferença entre ser
delicado e ser efeminado.
Nem todos os meninos são iguais. Cada um tem suas
características próprias. Tem-se a idéia equivocada de que os meninos devem ser
agressivos e gostar de coisas agressivas, mas isso é puro estereótipo e não
ajuda em nada. Um menino não adotar as atitudes mais agressivas presentes em
outros meninos é perfeitamente natural, mas isso muitas vezes não é aceito e é visto
como se fosse indicativo de que o menino pode se tornar homossexual.
Preconceito só gera ignorância e estupidez.
Provavelmente seu filho tem um lado artístico mais
aflorado e se encanta com coisas que seu marido não entende e julga
inconveniente. A sensibilidade do seu filho incomoda seu marido que quer que
ele seja quem ele não pode ser. Ao insistir que seu filho tenha atitudes que
ele não pode ter, seu marido o agride e pode contribuir para uma baixa
autoestima no desenvolvimento dele.
Chama a atenção que você dá ao seu marido uma posição de
autoridade. Ele decide o que é aceitável e cabe a todos vocês acatarem. Por que
será que precisa ser assim? Por que você não tem uma voz mais ativa em sua casa
e nos assuntos da sua família? Talvez por ser delicada demais você se submeta a
tudo com muita facilidade. Você confunde delicadeza com fraqueza. Existe uma
força na delicadeza que você desconhece e ao descobri-la e fazer uso dela vai
poder mostrar ao seu marido que a delicadeza não significa fragilidade. Para
ajudar seu filho você precisa primeiro compreender isso.
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