domingo, 5 de agosto de 2012

Respeito e Autorespeito


"E se me achar esquisita,
respeite também!
Até eu fui obrigada a me respeitar..”
(Clarice Lispector)

            Todos temos nossas características e muitas vezes nos comparando com os outros nos achamos piores ou menores. Isso acontece porque gostar de si mesmo, apesar de parecer fácil, não o é. Possuir uma verdadeira autoestima é um trabalho de longo prazo. Não podemos confundir a autoestima verdadeira com a arrogância que nada mais é do que uma compensação desastrada de uma baixa autoestima.
            É tão mais fácil ter baixa autestima porque durante a vida somos sempre muito julgados. Nas famílias, nas escolas, enfim em toda a sociedade os atos de se julgar os outros se faz muito presente e com isso aprendemos a julgar os outros bem como nós mesmos. Só que julgar o outro é uma crueldade, pois dá ao outro uma posição que nem sempre corresponde à verdade. Rotula-se o outro e se esquece das coisas que esse outro sofreu e passou. Culpa-se os outros muito facilmente, sem nenhum traço de humanidade.
            Muito melhor do que julgar é refletir. Parece apenas um troca de palavras, mas na realidade se trata de dois atos totalmente diferentes. Ao refletir ou analisar há a possibilidade de compreensão, aliás, é justamente isso que a reflexão sempre busca: compreender. Com esse tipo de atitude não se coloca o outro numa posição já pré-estabelecida, mas permite-se revelar a verdadeira humanidade por trás das pessoas. Com a reflexão há o respeito pelo outro, passa-se a respeitar quem o outro é.
           Se cada um na sua vida particular pudesse trocar o julgamento pela reflexão o ganho de toda a sociedade seria imenso. Aprenderíamos a respeitar os outros e a nós próprios e desse jeito a autoestima não seria artigo raro. Poderíamos gostar de nós mesmos e nos abrir mais facilmente às diferenças dos outros. A melhor lição que recebi de não julgar o outro foi no período de estágio na faculdade. Eu era inexperiente e recebi meu primeiro paciente. Na supervisão fiz uma observação que na verdade era um julgamento. Lembro-me muito bem do supervisor ter olhado para mim e dito: Sylvio, o paciente chega como pode, não como você quer! Depois dessa aprendi uma bela verdade que me ajuda até hoje quando escuto alguém.

2 comentários:

  1. Perfeito! tão importante este post...

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  2. Se nossos ideais fossem vividos mais como desejo, paramêtro, algo que norteia, não como imposição e rebaixamento para o EU, tenderiamos a ser ternos e éticos.Acolhendo nossas fragilidades não condenaríamos o outro fora e dentro de nos com frieza e as x até crueldade.
    Gostei do post. Da discussão ética que traz.

    Abraços,

    Anna Amorim

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