Gostei
muito de uma pergunta que você respondeu para uma mulher que havia ficado viúva
e gostava de aproveitar a vida. Eu também sou viúva, fiquei casada por 30 anos.
Hoje tenho 63 anos e estou viúva há 4 anos. Ao contrário da mulher que vc
respondeu a pergunta e que disse que amava o marido eu nunca amei meu falecido
marido. Sempre foi um casamento ruim e nunca tivemos momentos bons. Fui forçada
a casar com ele porque meu pai descobriu que eu tinha perdido a virgindade com
ele e foi ele quem contou isso para meu pai. Descobri que nunca pude confiar
nele e só me sentia presa. Hoje vivo com a aposentadoria que ele deixou e
aproveito como nunca. Voltei a aprender a tocar harpa que meu marido odiava e
achava besteira. Só não tenho namorado. Acho que aí pra mim é demais. Mas digo
que ser viúva não é fim da vida, mas uma oportunidade para viver mais.
Antigamente
uma mulher só era livre de fato quando ficava viúva. Se não, ela tinha que
responder sempre ao marido. Como se ela não tivesse uma identidade própria e
precisasse do aval do esposo para ser alguém. Em muito romances da literatura
clássica a mulher casada e que tivesse recursos materiais até almejava ser
viúva para assim se encontrar livre.
É
que à mulher foi dado um papel de não desejar. Ela, para se encontrar no papel
esperado, tinha que abdicar dos desejos próprios e fazer os desejos de sua
família a única coisa que valesse a pena lutar. Estar nessa posição é ficar
presa e um convite para se afundar em ressentimento.
Hoje
você reconhece que se ressente do seu marido que era alguém em que não podia
confiar. Ele não te tratou com respeito quando contou para seu pai algo que
pertencia apenas à vida íntima de vocês dois. Ele simplesmente passou por cima
de seus sentimentos e demonstrou com essa atitude que o amor não os ligava de
fato, mas sim o controle. Como seria possível amar alguém assim? Impossível!
Agora
o mais importante é que o ressentimento por tantos anos de prisão não
comprometeu você viver sua vida. Talvez você já tenha ficado muito tempo nessa
prisão e já tenha pagado muito caro por ela. Faz bem em aproveitar o que a
viuvez lhe traz e conhecer seus desejos e se desenvolver. É um recomeço para
sonhar novamente. Quem sabe quais novidades a vida lhe reserva? A liberdade lhe
acena várias possibilidades e é preciso vê-las e agarrar aquelas que te trazem
realizações.
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