Sou
estudante de psicologia do segundo ano e acabei de conhecer seu blog. Gostei
muito. Qual linha que vc segue (freudiano, kleiniano, lacaniano, etc.)? E como
se dá o trabalho do psicoterapeuta? Como funciona uma sessão? Ainda não sei
qual área vou querer para o meu futuro. Há muitas possibilidades e preciso
entender mais para poder fazer uma boa escolha. É preciso o psicoterapeuta
fazer sua terapia para poder atender?
O
trabalho clínico desperta muito interesse porque lida diretamente com a maneira
que nós vivemos e enxergamos o mundo. Trabalho com a psicanálise, mas não me
considero nem freudiano, nem kleiniano, nem lacaniano e nem preso a nenhuma
outra escola. É que na minha opinião a gente deve conhecer os autores e
aprender com eles, mas sempre sermos nós mesmos. Do contrário, ou seja, ficar
apenas numa única linha é se limitar. É porque a psicanálise tem como objeto de
estudo o inconsciente e ele não é freudiano, kleiniano, etc, o inconsciente é
humano e não é rachado em distintas teorias.
A
sessão se dá quando há a escuta psicoterapêutica que é diferente da escuta que
se tem no dia a dia. Essa se guia pelos
valores da sociedade e da cultura enquanto a escuta analítica se dá pela
procura da verdade. O psicoterapeuta deve se esvaziar de seus preconceitos e
suas opiniões morais para poder escutar verdadeiramente o outro e se abrir à
suas inquietações sem desejar oferecer soluções ou respostas prontas. É que a
conversa que se tem numa sessão não é racional feita de perguntas e respostas,
mas de procura pela essência.
Winnicott,
psicanalista inglês, descrevia a sessão analítica como um momento sagrado. Não
no sentido religioso é claro, mas na medida que busca revelar a verdade e
essência de cada um. Uma terapia tem como objetivo libertar o sujeito de suas
amarras, de suas fantasias limitadoras, para que ele possa viver mais
plenamente todo o seu potencial.
Talvez
se você se colocar em análise descubra como isso funciona ao aprender a se
escutar. Esse conhecimento, do funcionamento e no que consiste uma sessão, não
se dá de forma teórica, mas apenas quando você vive o processo. Nada melhor do
que a própria experiência.
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