domingo, 4 de dezembro de 2022

O homem desalojado

 


Entramos no mês de novembro e vivemos atualmente a campanha do Novembro Azul que chama a atenção da população, e dos homens em especial, sobre a prevenção e cuidados com o câncer de próstata. Os homens, ao contrário das mulheres, são mais refratários aos cuidados da própria saúde e muitas vezes esse descaso pode levar a muitas situações que poderiam ser evitadas. Isso ocorre porque talvez os homens nunca aprenderam a se cuidar apropriadamente.

Vivemos hoje uma ‘desconstrução’ do homem. Antes o homem sabia de seu lugar, tinha certeza de suas funções e de como devia proceder e reagir frente as mais variadas situações, porém hoje a história é outra. As mudanças na sociedade e nos relacionamentos virou a certeza dos homens de ponta cabeça exigindo deles novas configurações antes impensadas. Os homens estão desalojados, sem lugar, e encontrar ou criar um espaço novo se faz necessário.

Diferente de alguns anos atrás as mulheres hoje têm autonomia e independência. Elas não são mais dependentes de seus maridos e pais para viver. Elas sonham e constroem novos lugares para si, descobrem novas possibilidades e vêm se realizando. A mulher vem encontrando meios de se libertar do que antes era opressão. Hoje sabemos que lugar de mulher é... onde ela quiser e puder. Algum tempo atrás não era assim. Ainda bem que mudou.

Contudo, essa mudança nos papeis femininos também deslocou os homens de seus papeis. Se anteriormente os homens eram os senhores da casa e do mundo isso já não faz mais sentido. Aliás, atualmente há mais mulheres fazendo faculdades do que homens. Isso significa que elas estão encontrando seus caminhos e batalhando por eles. Até mesmo nos desenhos animados de princesas atuais elas mesma se salvam sem precisar que o belo príncipe venha em seu resgate. E o que fazem os moços? Eles não sabem, mas precisam encontrar novas formas que andem junto com todas essas mudanças que ocorrem.

Os homens precisam aprender a ser homens, criar novos significados para a masculinidade. E isso passa por aprender a se cuidar. Cuidar em todos os sentidos: física e psiquicamente. Muitos homens ainda carregam a ideia de que têm que ser fortes e acham que força implica em não demonstrar nenhuma fragilidade, enquanto na verdade força implica em cuidar até das fragilidades a que todos, homens e mulheres, possuem. O homem não precisa ser mais o todo-poderoso, até porque isso é cansativo e adoecedor, mas precisa ser alguém mais em paz consigo próprio. 

A falta de cuidados com a própria saúde mostra que os homens temem cuidar de si com mais afeto. Temem encarar a realidade de que não são infalíveis e que podem adoecer e que precisam repensar muitas coisas em suas vidas. Por muito tempo havia meio que uma imaginária cartilha que ensinava como ser homem. Só que agora essa cartilha não serve mais e necessita ser reciclada para que os homens entendam que ser homem é tornar-se alguém que cuida de seu corpo e de sua mente com muita mais diligência e dignidade. 


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