Novo ano que se inicia. Momento natural de reflexão, em que as condições
da existência humana ficam mais latentes e, claro, as emoções afloram sobre o
que está por vir daqui em diante:
teremos um prolongamento da pandemia com novas variantes? Como
enfrentaremos um ano eleitoral novamente tão tenso no País? A crise econômica vai
se prolongar? Em meio a tantas ansiedades e perguntas complexas de se
responder, a Campanha Janeiro Branco chega a sua 9ª edição com um tema – “O
Mundo Pede Saúde Mental”.
As discussões acerca do assunto atingiram níveis muito importantes no
último biênio e atuação dos profissionais da área foi fundamental para que a
saúde mental ganhasse uma relevância no cotidiano das pessoas de uma forma
nunca antes vista. A saúde mental virou alicerce de políticas públicas
importantes em todo o mundo entre 2020 e 2021, mas ainda tem muito o que
evoluir.
Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que “a
pandemia interrompeu serviços essenciais de saúde mental em 93% dos países do
mundo e, ao mesmo tempo, intensificou a procura por esses mesmos serviços”. No
Brasil, de acordo com uma pesquisa do Instituto FSB, 62% das brasileiras e 43%
dos brasileiros afirmaram que a saúde emocional ‘piorou’ ou ‘piorou muito’
durante a pandemia.
Para o psicanalista Sylvio do Amaral Schreiner, o brasileiro ainda vive
“paradoxos internos” sobre o cuidado com a saúde mental que precisam ser
vencidos. “De um lado, com todo os holofotes que a saúde mental ganhou com a
pandemia, muitos perceberam que precisavam de cuidados para vencer medos,
ansiedades, aflições e angústias que surgiram ao longo dos últimos dois anos.
Por outro lado, os tabus ainda não foram totalmente quebrados e, mesmo em
tempos difíceis que estamos vivendo, a saúde mental ainda é mal compreendida e
acaba ficando em segundo plano na vida dos brasileiros”.
Schreiner explica que deixar de lado os cuidados com a mente pode, ao
longo do tempo, piorar a saúde mental dos indivíduos, atrapalhando inclusive a
vida social, econômica, familiar e profissional das pessoas. “Geralmente,
quando o paciente procura ajuda especializada, ele está já num cenário bem
crítico. Por isso, em tempos tão complexos em que vivemos, envoltos de tantas
dificuldades no mundo externo, nunca foi tão importante cuidar do nosso mundo
interno. Olhar para dentro de si muitas vezes é um desafio, pode ser
confrontador, mas desembaraçar esses nós nos gera vida de qualidade que, para
muitos, está ficando para trás, esquecida”.
Por fim, o psicanalista salienta que a campanha Janeiro Branco é uma excelente oportunidade para que a sociedade olhe para a saúde mental de forma mais leve, informativa, e a partir daí procurem profissionais adequados para superar os desafios que tanto afligem o mundo interior da população. “Num novo ano, fazendo uma alegoria a uma tela em branco, todas as pessoas podem pintar novas histórias para a sua vida, de uma forma mentalmente mais saudável e feliz”.
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