Mais uma vez o ano chega ao fim. Essa passagem acaba sempre carregando um simbolismo muito grande. Entre o fim do ano que termina e o começo do que se inicia fazemos um balanço do que passou e dos planos a serem realizados. Contudo, neste balanço é muito frequente as pessoas ficarem infelizes. É bem comum elas olharem para o que perderam ou deixaram de ganhar e para os desejos frustrados. Miram também planos para o futuro com expectativas que muitas vezes não são realistas. O resultado disso é a infelicidade.
Muitos filósofos acreditam que um dos propósitos da vida é ser feliz, é buscar a felicidade. Para alguém ser feliz não precisa viver uma vida mágica e perfeita onde não haja eventos tristes, dolorosos e até injustos. A vida também tem coisas ruins. Quem disse que a vida precisa dar só alegrias? Quem disse que a vida é um mar de rosas? Pelo contrário, há muitas coisas feias na vida, mas ser feliz requer lidar com tudo o que surge da melhor maneira possível, sem se ressentir e sem ficar amargo.
No início do ano é grande o número de pessoas que faz as resoluções para o ano novo. Essas resoluções têm como objetivo conquistar algo que acreditam que trará felicidade. Algumas pessoas até conseguem o que se propuseram a conquistar, mas mesmo assim, não ficam felizes. As que não conseguiram conquistar seus planos ficam também infelizes e atribuem isso ao que chamam de fracasso.
Todavia, as pessoas pouco entendem sobre felicidade e não percebem que uma das mais importantes condições para se ser feliz é não permitir que as coisas que não temos, que não deveríamos ter ou nem podemos ter nos tirem a possibilidade de bem usufruir do que temos e podemos ter. Dizendo de outra forma, ser feliz implica em valorizar e degustar o que temos e somos e não ficarmos nos lamentando sobre tudo aquilo que está fora do nosso alcance.
Isso funciona tanto para os bens materiais (que são, muitas vezes, as únicas coisas valorizadas entre as pessoas) quanto para os valores emocionais, como o amor, por exemplo. O realmente fundamental na vida é não desperdiçar tempo imaginando que aquilo que não se tem ou não se é criaria felicidade enquanto tudo aquilo que se tem e se é acaba passando batido, sem nem olharmos de uma forma mais proveitosa. Só pode ser feliz quem sabe aproveitar bem o que se tem e se é, que tira proveito disso tudo e vai, cada vez mais, crescendo e se expandindo. Há tanta gente com tanta coisa boa mas incapaz de aproveitar um décimo de tudo o que é e tem. Isso é infelicidade.
Talvez a melhor resolução que alguém possa fazer no ano novo seja estabelecer uma relação de felicidade para consigo mesmo e para com a vida. Uma relação em que, ao invés de só querer obter algo, possa também aproveitar o que já está presente. É assim que alcançamos a felicidade. Ela depende muito mais de nós mesmos e do que fazemos com a vida do que dos acontecimentos externos, que nos são incontroláveis.
Feliz Ano Novo!
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