segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Festa das luzes

Árvore suspensa no Lago Igapó, em Londrina.
Foto: Vivian Honorato

      O Natal chegou. Uma celebração que tem por tradição juntar as famílias e rever parentes que ao longo do ano não se encontraram. Porém, este Natal traz inúmeras dúvidas devido à covid-19. Como proteger aqueles que têm mais idade? Como juntar pessoas vindo de lugares diferentes de maneira que possa haver algum cuidado? Não há respostas fáceis a essas indagações e sobra muita ansiedade e preocupação. Foi um ano atípico em decorrência dos cuidados que tivemos que ter em relação à pandemia, e este problema continua a assombrar as festas de fim de ano. Esse Natal e as consequências dele dependerão muito da consciência das pessoas, de como elas se cuidam e de como cuidam dos outros.
      Para termos um mínimo de consciência é preciso se permitir ver o que realmente importa e saber lidar com as coisas de maneira realista. Em outras palavras, é preciso ter contato com a própria mente para podermos ser responsáveis conosco e com os demais. Quem consegue se ver verdadeiramente, acaba cuidando de si e por conseguinte expande também esse cuidado para os outros. A questão é: será que nos vemos de fato?
    Para ver é preciso luz e o Natal é justamente a festa das luzes. Antes mesmo desta celebração ser cristã já havia, antigamente, entre os pagãos, uma celebração parecida nessa data. Na Europa é época do inverno, onde a maior parte das vegetações hiberna, onde a comida ficava escassa, onde a vida ficava muito difícil. Estamos falando de um tempo onde as coisas não eram fáceis mesmo e no inverno, eram piores ainda. Havia fome e medo, sem contar que as noites eram mais longas que os dias, o que trazia pouca luz. Parecia que tudo ia de mal a pior.
     Os pinheiros são árvores resistentes, não perdiam as folhas no inverno e nem um pouco do verde que tinham. As pessoas, independentemente dos deuses que acreditavam ou não, reuniam-se ao redor dos pinheiros e faziam fogueiras. Assim, esquentavam e criavam um pouco de luz. Daí a origem das árvores de natal modernas, hoje tão brilhantes e iluminadas. Naquele tempo elas serviam para dar esperanças num momento difícil. Os medos, as preocupações, podiam ser tolerados com a criação da luz e do calor, mas não só da luz e do calor externos, mas também internos. Olhar a vida com esperança é fundamental para vivermos com saúde mental. Esperança é luz e calor.
     Que neste Natal possamos acender as luzes dentro de nós. Que possamos ver tudo aquilo que realmente nos importa, que nos expande, que nos faz sermos melhores. Quando olhamos para o nosso interior temos mais chances de desenvolver a possibilidade de viver melhor. Quem se vê, pode se conhecer e quem se conhece pode se cuidar. Quem se cuida é como alguém que acende uma fogueira numa noite escura e fria. Cabe a cada um, neste Natal, tomar decisões importantes de como vive, de como quer viver, de como se cuida, e de como quer e pode cuidar dos outros. 
    Que possamos criar “luzes” internas que iluminem os caminhos que pegamos. Que a festa das luzes não seja apenas um evento cheio de luz lá fora, nas árvores ou nos enfeites coloridos, mas que seja, antes de tudo, uma possiblidade de levar luz e calor para dentro de nós mesmos. Um feliz Natal!

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