segunda-feira, 16 de novembro de 2020

A evolução do sentimento de amor



     Podemos dizer, muito simplificadamente, que há três fases na evolução de como amamos ao longo da vida. Com amor quero dizer a forma que nos relacionamos com o mundo e com os outros. O sentimento de amor não é algo que nasce pronto, porém é algo que vai sendo construído no decorrer da vida e que passa por etapas ou evoluções. Tenho falado sobre o tema nas minhas redes sociais nas últimas semanas.
     A forma de amar de um recém-nascido é uma forma mais primitiva de amor, algo egoísta, mas o pobre e pequeno bebê não tem condições de amar diferente. Ele precisa desse amor egoísta para poder sobreviver. Com o tempo, espera-se que essa maneira de amar vá sofrendo evoluções e por isso mesmo se transformando até chegar no amor maduro. Não é a idade cronológica que propicia o amor maduro, mas o quanto cada um vai se permitindo aprender com as experiências de vida e transformando como amam os outros e a própria vida.
    O amor de bebê ou da criança pequena é o amor carente, extremamente necessitado. Sem os pais ou cuidadores o bebê ou a criança não sobreviveriam. Todos vocês podem observar que as crianças pequenas são o centro das atenções e recebem amor de todos à sua volta e, quando isso não acontece, é uma tragédia. São casos tristes que vemos de crianças “esquecidas” ou desamparadas. A criança ama quem cuida dela, quem oferece algo a ela. Por isso é entendido como um amor egoísta, porque se centraliza no que recebe. Obviamente tem que ser assim para a criança. O problema passa a ser quando vemos adultos que só conseguem amar desse jeito. Eles não evoluíram na forma de amar e são aquelas pessoas carentes e que sempre estão cobrando de todos à sua volta amor, reconhecimento e gratificação. Fica uma forma de viver muito egocêntrica.
   Se tudo vai bem, a criança pequena vai trocando o amor primitivo por um amor que já podemos encontrar nos adolescentes. É agora uma relação de troca. Os jovens já são capazes não só de amar quem os ama, mas de oferecer também amor e gratidão. São também capazes de amar quem está fora do núcleo familiar, expandindo o jeito como se relaciona. Passam a querer “oferecer” algo ao mundo e também receber dele. É a etapa das grandes paixões, muitas vezes desenfreadas e que geralmente levam a muitas decepções. Há muitos adultos que ficam fixados nessa fase e buscam sempre o amor idealizado, sem saber lidar muito bem com as frustrações e os limites da vida. Não à toa, justamente na adolescência os jovens ficam enamorados de ideias que sempre parecem que vão oferecer um amor sem fronteira alguma.
    A terceira fase da evolução de amar é o amor maduro, quando o sentimento de amor realmente se desenvolve e atinge a plenitude. Também chamado de amor altruísta ou desinteressado. Nesse tipo de amor a pessoa é capaz de amar independente do que irá receber em troca, sendo a recompensa em si o próprio ato de amar. O prazer desse tipo de amor está na generosidade que se desenvolve internamente e que não teme dar o que há de melhor. Para ser bons pais esse tipo de amor se faz necessário: Amar o filho sem dele querer nada em troca. Imagina expandir essa forma de amar para o mundo e todas as demais relações? Como seríamos bem melhores! Para se viver esse amor é necessário autoestima. Ela é a base para “amar o próximo como a si mesmo”.
  Quando evoluímos na forma de amar evoluímos também como pessoas. O desenvolvimento mental de um indivíduo pode ser observado pela maneira como ele(a) ama. É um amor egoísta (primitivo), está baseado na troca ou é um amor despretensioso, sem interesse em se obter algo? A gente nasce animal, mas nos tornamos humanos e evoluir na forma como amamos nos ajuda a nos tornar humanos melhores.

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