Contra as forças naturais não podemos lutar. Elas podem ser muito violentas, trazer muita destruição e causar inúmeras catástrofes. Não podemos, por exemplo, tapar um vulcão para que ele não entre em erupção. Também não podemos desfazer um tufão que vem destruindo tudo por onde passa. Nada podemos contra tsunamis que causam tantos estragos, nem podemos acalmar o solo para aplacar os terremotos que ceifam tantas vidas mundo afora. As forças naturais são imensamente vigorosas e quando elas vêm precisamos sair do caminho. Quem tenta lutar contra elas sempre se dá mal.
Se não podemos nada contra elas, podemos através da nossa engenhosidade encontrar e criar meios para nos preservar delas da melhor forma possível. No Japão, as construções são preparadas para “tolerar” os tremores dos terremotos e reduzir os danos e prejuízos. Na Islândia, aproveitam os vulcões para gerar energia termoelétrica que abastecem o país. Nos Estados Unidos, a meteorologia avisa com certa antecedência a rota dos furacões para que a população possa se arranjar com mais segurança.
Tal como as forças da natureza que podem causar enormes catástrofes, em nossa mente também há forças imensas que podem nos ser muito perigosas. A essas forças chamamos de impulsos e eles podem nos dirigir para a tragédia. Quantas pessoas não acabam matando outras por um “simples” impulso? Quantas desgraças não ocorreram e ocorrem porque uma força dentro de nós prevaleceu demolindo nossas vidas e planos?
Algumas pessoas - e especialmente as religiões - acreditam que é preciso lutar contra essas forças (impulsos) com todas as armas. O problema é que as armas que usam são toscas e nada eficientes. Usam a repressão. Acham que a melhor maneira de se lutar contra os impulsos da mente é reprimindo o que se passa nela. Há um desejo que não condiz com as normas sociais? Reprima! Sufoque tudo o que não for considerado adequado! Bom, não dá para reprimir um vulcão, um furacão ou um tsunami. Tentar isso é aumentar a tragédia.
Só resta mesmo aprender a lidar com nossas forças internas, encontrar meios de nos preservar daquilo que pode nos fazer mal. Ao mesmo tempo que nossa mente contém impulsos que podem ser prejudiciais ela, se for desenvolvida, pode criar meios inteligentes de lidar e negociar com os mesmos impulsos. A psicanálise é uma forma engenhosa que favorece um indivíduo em se conhecer melhor, saber que “forças” ele possui para ir encontrando meios criativos e eficientes de lidar com a própria vida sem que tenha que cair em tragédias que poderiam ser evitadas.
Um sujeito que não nega seus impulsos, que não os coloca fora da consciência fingindo que eles não existem, pode desenvolver recursos que o permita se preparar de forma que uma tragédia possa ser evitada. Já uma pessoa que nega sempre as forças naturais internas que carrega fica despreparada para enfrentar a vida. De nada adianta lá no Japão eles negarem os terremotos e fingirem que eles não virão uma hora ou outra. Será inútil ficar cantando canções de ninar para a terra para que ela fique calminha. O que tem que ser feito é usar de toda a criatividade para criar mecanismos mais eficientes e preparados para lidar com aquilo tudo que é da natureza. Natureza não mudamos, mas mudamos como vamos lidar com ela. Na nossa mente é assim também!
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