É desesperador não se sentir em casa. Isto causa pânico, causa muita ansiedade e insatisfação. Estar sem casa torna a vida insuportável. Porém, onde ou qual é a nossa casa? Aí começam os enganos, pois são muitos os que chamam de casa uma posição na vida, um relacionamento com alguém ou até mesmo um bem material.
A casa que todos nós necessitamos não se trata tão somente de uma casa concreta, lá fora, externamente, mas de uma mente própria que nos acolha. A nossa casa é a nossa mente. Se isso não for entendido vamos sempre procurar por uma casa ou por algo que chamaremos de lar no ambiente exterior e não desenvolveremos a nossa própria mente.
Quem não tem essa casa/mente vive desamparado. Aliás, a famosa síndrome do pânico, conhecida por tanta gente e falada exaustivamente na mídia, é, falando de maneira bem simples, um estado de mente em que a pessoa não sente que tem essa casa/mente e fica em estado de grande desespero. Não há como ela se acolher, não tem como acolher as próprias emoções e tudo o que sente. Daí a importância de se construir uma casa que realmente nos acolha.
Quem não tem casa acaba morando de aluguel, ou seja, em uma casa que não é própria. E a coisa que mais se tem é gente morando de aluguel vida afora. São pessoas que acreditam que não podem ter uma casa própria interna e procuram lá fora uma casa de aluguel que possam utilizar. Por exemplo, é grande o número de pessoas que procura em seus parceiros amorosos esta casa/mente e com isso acaba pesando ou inviabilizando a relação. Por mais que alguém nos acolha, se não tivermos a nossa própria casa interna, sempre vamos nos sentir desamparados, porque não podemos viver dentro do outro, mas apenas dentro de nós mesmos.
Marido, esposa, namorado(a), amigo, nem analista podem ser a casa do outro. Na análise, entretanto, o analista “empresta” sua mente ao analisando, não para que este estabeleça residência ali, mas para que ele encontre um lugar favorável para aprender a construir a própria casa. Quando fazemos análise passamos por um processo de edificar a própria casa. O analista, por já ter passado pelo mesmo processo e ter aprendido a erguer seu lar interno, tem condições de ajudar o analisando a compreender que não dá para passar a vida inteira pagando aluguel e que se não arquitetar a própria moradia sempre ficará desamparado e infeliz.
Então não é uma questão de encontrar uma casa para podermos habitar, mas de construir uma dentro de nós mesmos. Somos todos chamados a ser arquitetos e engenheiros da nossa própria vida. Somos decoradores também, escolhendo como vamos decorar nossa casa/mente. Quem nunca brincou, quando criança, de construir uma casinha, cabana ou barraca? Só que agora não é mais brincadeira, mas se trata de conceber um espaço interno em nós para nos acolhermos e nos sentirmos definitivamente em casa.
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