quinta-feira, 16 de julho de 2020

Pergunta de leitora - A própria jornada é indispensável



Queria contar algo, quero saber se isso é normal. Eu vejo coisas que não é como se fosse alucinação, por exemplo: ontem a noite eu estava deitada, quase dormindo, e de repente vi minha irmã em cima de uma cadeira no quarto e eu disse “Linda, (é assim que ela se chama), mas cheguei perto e vi que não tinha nada ali. Eu tenho mania de achar que tem cobra no meu quarto, que vai cair em cima de mim ou sapo. Também fico com pavor da morte. A minha mente não para, cria coisas. Vejo mortes e acidentes a todo instante e isso me incomoda muito. Penso que irei ficar maluca. Meu humor também muda muito. Ás vezes estou muito alegre, depois triste e fico agressiva e digo coisas, mas logo me arrependo. Isso é normal? Eu me acho muito estranha, minha mente cria coisas que me deixa feliz, mas depois cria coisas tristes e não sei como controlar isso. Eu vejo coisas do meu passado, sejam elas boas ou ruins, e é como se fosse um flashback ou uma volta no tempo. É muito louco. Converso sozinha, na maioria das vezes nem me dou conta que estou conversando só e quando percebo penso "será que estou maluca?"
  
            Você percebe vários elementos em sua mente e parece que fica perdida. Quer saber a todo custo se isso é normal. Aliás, seu email faz várias referências à questão da normalidade. Para você existe o normal e anormal, ou seja, está dividida entre um ou outro e coloca nessa divisão um que seja bom e bem-vindo enquanto outro é mau e assustador.
            Ao invés de pensar em termos de bom ou mau, normal ou anormal, podemos pensar que você tem um trabalho interno a fazer, que é conhecer a si própria, para poder ir discriminando sobre os seus produtos mentais. Pode, assim, notar o que é pensamento, o que é alucinação, o que é divagação e etc. Vale muito mais a pena pegar este caminho de autoconhecimento do que simplesmente querer definir rapidamente do que se trata tudo isso. A pressa, nesses casos, só atrapalha e traz qualquer definição como uma maneira de impedir você de vir a conhecer a si própria.
            Você também usou a palavra "estranho". A origem desta palavra vem de estrangeiro e quer dizer "aquilo que é desconhecido ou alienado". A própria palavra alien significa desconhecido e estrangeiro e alguém estar alienado é estar em desconhecimento de algo. Você, hoje, está alienada de si mesma. Quero dizer com isso que desconhece a si mesma. O que sabe de si está mais numa dimensão superficial e há pouca profundidade.
            Resta mesmo, então, aprender a se conhecer. Ao se propor ousar empreender essa jornada de autoconhecimento, poderá vir a conhecer mais de si, bem como estabelecer uma relação mais tranquila com sua mente. Para isso se faz necessário uma análise. Nela, poderá se debruçar sobre os seus produtos mentais e dar a eles um sentido. Poderá dar sentido também à sua vida e aos acontecimentos que já viveu. Tudo isso deixará você mais dona de si e menos impressionada com as “pegadinhas” em que sua vida mental te coloca.  
        Não acha que seria bom se aprofundar mais em si e saber lidar de maneira mais eficiente com tudo aquilo que é seu?

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