segunda-feira, 13 de maio de 2019

Se apegar à infelicidade é medo de mudar




            Uma antiga história conta sobre um discípulo que foi até o mestre e disse que ia parar com seus estudos porque quando voltava para casa seus irmãos e irmãs nunca o deixavam em paz e por isso não havia condições para se concentrar e se aprimorar. O mestre escutou atentamente e depois de pensar um pouco decidiu levar o discípulo para fora onde havia um sol forte. “Olhe para cima” disse “O que vê?” “O sol, mestre.” “Pois bem, agora coloque sua mão acima da cabeça e tente tampar o sol.” O discípulo assim fez. “Consegue ver o sol agora?” “Não mais, mestre.” “ Sua mão perto do sol é insignificante, mas mesmo assim ela pôde impedi-lo de ver o sol. A mediocridade é nociva ao progresso. Não culpe os outros pela sua incompetência.”
            Quantas vezes na vida não culpamos os outros ou qualquer outra coisa por não termos a vida que queremos? Temos uma ideia errônea e prejudicial de que a vida deve ser como a desejamos sem que nenhum esforço seja desprendido. Muitos acreditam que basta desejar que tudo o mais se realiza e que as condições têm sempre que se apresentar perfeitas. Já ouvi muitas e muitas pessoas dizerem que não podem isso ou aquilo porque as condições não são perfeitas.
            Claro que há determinadas condições que trazem alguns impedimentos, no entanto, na grande maior parte das vezes as condições, por piores e desagradáveis que sejam, não são proibitivas, porém nós é que arranjamos qualquer desculpa para impedir algo de acontecer. E o que mais impedimos é de crescermos e nos realizarmos. É um paradoxo. Tudo o que mais queremos é crescer, mas também temos medo disso a ponto de nos agarrarmos à justificativas medíocres. A questão que fica é por que temos tanto medo de progredir na vida?
            Uma pessoa quer estudar, mas muitas vezes se desanima precocemente com as dificuldades que surgirão. Outra quer fazer academia para melhorar o condicionamento físico, mas sempre tem uma bela desculpa para não começar ou desistir logo em seguida. Outra quer meditar, mas desiste logo culpando fatores externos que no fundo não a impediriam de se organizar e fazer o que deseja. O desejo até existe, mas junto com ele há também toda uma série de justificativas e desculpas. Por que nos impedimos tanto?
            Depende de cada pessoa as razões de suas desculpas, mas podemos pensar que há um medo de ser feliz e de descobrir que nós, e só nós, somos responsáveis pela própria felicidade. Estamos tão habituados a ser infeliz e reclamar da vida que não vislumbramos a possibilidade de viver de outro jeito. A gente se acostuma com tudo na vida, inclusive com aquilo que não nos faz bem. Há milhões de pessoas casadas com a infelicidade ao redor do mundo e que nem se dão conta disso.
            Outro fator importante a ser levado em consideração é que quando se vive infeliz e cheio de desculpas por longo tempo, mudar isso pode trazer medo. O medo aqui é do desconhecido. Mesmo que se espere uma vida melhor ela ainda é desconhecida e tudo aquilo que não conhecemos é gerador de angústias e por isso muitos preferem ficar com as angústias já conhecidas do que enfrentar angústias inéditas, mas que podem levar a algo novo.
            É triste constatar que há tanta gente viciada na infelicidade e com medo de se desfazer dessa situação tão empobrecedora. Quem casa com a infelicidade sempre evitará a felicidade, que é um outro tipo de vida. Que tal começarmos refletindo sobre qual casamento que vivenciamos com a vida?  Se for um mau relacionamento é porque está na hora de se divorciar. Só assim estaremos livres para viver um relacionamento mais saudável e prazeroso.

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