Muito
se tem falado sobre sobre educação sexual para crianças e adolescentes
ultimamente. Infelizmente, um assunto tão importante quanto este é tratado com
tanta paixão que fica deturpado. A paixão a que me refiro aqui é a paixão pela
ignorância. Nos dicionários ignorância é definida como “estado de quem não está a par da existência ou ocorrência de algo,
estado de falta de conhecimento” e o que mais vemos é o quanto esse assunto
sobre a sexualidade para crianças e adolescentes é algo envolto em uma névoa
escura que traz inúmeros prejuízos a todos os envolvidos.
Aqueles
que são contra uma educação sexual nas escolas e em livros justificam que ela é um incentivo à sexualidade, que se tira a inocência dos jovens levando-os à
uma vida sexual promíscua. Ora essa, o objetivo de uma verdadeira e séria
educação sexual é justamente levar informações para que os jovens se protejam
do que vão encontrar no futuro em suas vidas. A sexualidade, queira ou não, é
algo que faz parte da vida dos jovens e eles precisam ser preparados para
vive-la bem.
Quanto
mais se evitar falar sobre sexualidade não vai fazer com que os jovens se esqueçam
dela. Eles a viverão e a experimentarão de qualquer maneira. E se houver
informações que os ajudem a pensar e refletir sobre o que é viver uma vida
sexual, mais eles estarão preparados para não cair em armadilhas e não meterem
os pés pelas mãos. Deixar de falar, não abrir espaço para conversar não extirpa
a sexualidade, apenas a deixa mais obscura, mais perigosa.
Os
jovens viverão a sexualidade, isso é certo, mas como queremos que eles vivam
essa experiência? Com que qualidade? Enquanto a sexualidade for tratada como
algo que se deve descartar e como algo ruim vamos todos continuar caindo na
infelicidade. Ninguém pode ser feliz quando se nega aquilo que é natural,
aquilo que é da natureza. E a sexualidade é parte da nossa natureza. Freud, criador da psicanálise, nos ensinou que a sexualidade já começa muito cedo na nossa vida física e psíquica. Desde que somos bebês, para dizer a verdade. Claro que se trata de uma sexualidade embrionária e infantil, ainda com características muito peculiares, mas mesmo assim sexualidade do mesmo jeito.
Quando negamos a importância
de cuidar do meio ambiente, por exemplo, de se fazer com ele o que se bem
entende sem nenhum cuidado o que vemos é o surgimento de tragédias, secas,
enchentes, mudanças que trazem muito sofrimento. Não adianta negar o meio
ambiente, ele existe, precisamos encara-lo, aprender a lidar com ele de forma
eficiente para que possamos todos encontrar uma maneira equilibrada de viver.
Com nossa sexualidade também funciona assim. Quanto mais se nega a sua
existência, mais trágica ela se dará.
O atual governo quer tirar a
educação sexual da pauta das escolas e de livros, quer retirar-se também do
Acordo de Paris, que versa sobre a necessidade de se cuidar do meio ambiente
com mais zelo. Será que a paixão pela ignorância vai ser o tom para o que vamos
nos deparar? Para Buda a pior coisa que poderia haver era a paixão pela
ignorância. Tristes tempos.
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