Que as pessoas sempre foram
intolerantes já era sabido. Em qualquer lugar do mundo e em qualquer período da
História a intolerância esteve presente causando muitos prejuízos e impedindo
muitas ideias novas e necessárias de vingarem. Muito de nosso atraso seja na ciência,
na forma que lidamos com os outros e na maneira que a sociedade funciona tem
como base a intolerância. E a má notícia é que ela está em alta nos últimos dias.
Intransigência com relação às opiniões,
atitudes, crenças e modo de ser dos outros pode ser muito perigoso. A intolerância
pode levar à violência ou, no mínimo, incitar agressividade. Por meio da coação ou pela
força de ideias valorizadas e tidas como certas reprime qualquer coisa que se
apresenta como diferente. Para o intolerante nunca há dúvida sobre nada. Ele já
possui todas as respostas e tudo aquilo que divergir será uma ameaça que deve
ser exterminada sem a menor consideração.
Um grande sultão na antiguidade ao
invadir a cidade egípcia de Alexandria que tinha uma famosa biblioteca mandou queimar
todos os livros. Segundo ele todos os livros que fossem contra o alcorão, seu livro religioso, eram
perigosos e mereciam a destruição e os livros que eram a favor do alcorão eram inúteis, pois não acrescentavam nada de novo e não precisavam então existir. Para esse sultão de enorme poder político e militar
não havia dúvidas: queimar tudo era a solução. O intolerante é incapaz de pensar e ver outros tons que lhe são desconhecidos. Ele só sabe realizar ações e estas são muitas vezes apenas violência pura e simples.
Estamos vendo ao vivo e em cores no
mundo todo o quanto a intolerância está aumentando. No Brasil a escalada da intolerância
não é pouca coisa e traz inúmeras ameaças. A atitude humana é sempre correr
para os extremos. Quando nos sentimos ameaçados de um lado vamos com muita intensidade
para o outro e isso na verdade não proporciona equilíbrio algum, mas só faz com
que o desequilíbrio aumente e os ânimos se intensifiquem. Ainda não aprendemos a nos equilibrar. Ficamos nos
jogando de um lado para o outro como se assim fossemos encontrar uma solução.
O que vivemos na política atual é
bem isso. Não estamos arrumando nada, não há nenhuma mudança verdadeira em curso. Os dois
partidos e candidatos que se enfrentam agora no segundo turno são as diferentes
faces da mesma moeda. É o mesmo jogo, o mesmo falso valor vestido de virtudes. É
a mesma intolerância de ambos os lados e cada qual se jogando com tanta
intensidade para o seu lado que o barco corre sério risco de virar e muita gente
se afogar. Temos muito o que aprender sobre vir a ser humanos, porém a intolerância
atrasa muito esta aprendizagem.
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