segunda-feira, 1 de maio de 2017

Uma Nova Consciência



            Há uma história sobre uma mulher que tinha só três fios de cabelo. Ela acordou uma manhã, viu-se no espelho e decidiu que iria fazer uma trança para aquele dia e seu dia foi ótimo. Na manhã seguinte, ao acordar, notou que tinha só dois fios de cabelo e resolveu seu penteado repartindo-o no meio e seu dia foi ótimo. Em outra manhã só restou um fio de cabelo e ela decidiu que iria fazer um rabo de cavalo e teve um ótimo dia. Até que chegou uma manhã, contudo, que ao se ver no espelho percebeu que não tinha mais cabelo algum, mas ela vibrou e disse para si própria que não precisava arrumar o cabelo naquele dia  que acabou sendo, como quase sempre, ótimo.
            Obviamente essa história é apenas simbólica e não para ser tomada literalmente. Todavia ela nos mostra uma verdade da vida. A verdade é que dependendo de como olhamos para a vida nossas experiências podem ser boas ou ruins. Conforme a lente que usamos para olhar o que nos acontece nossas vivências e interpretações terão naturezas distintas.
            Não se trata, entretanto, de manter pensamentos positivos. Quantas vezes você já tentou pensamentos positivos e nunca deu certo? Aposto que muitas. Não se trata de, superficialmente, olhar o lado bom da vida, colocar um sorriso na cara e acreditar que isso resolve tudo. Quem dera fosse fácil assim. Trata-se, portanto, de uma nova consciência, de um novo relacionamento para com a vida. Trata-se de sentir o que fazemos e como vivemos para perceber que vivemos de maneira ineficiente.
            Quem aqui já não se deparou com um rompante de raiva e acabou brigando com todos e tudo e depois se arrependeu? E ainda prometeu que isso não ia acontecer novamente? Só que não adiantou e esses momentos de rompantes ocorreram inúmeras outras vezes. A pessoa até entende, racionalmente, que essa raiva e explosões são prejudiciais, mas não tem consciência do quanto estão se prejudicando. Há uma divisão entre o que entendem superficialmente e o que sentem de fato. E o que faz alguém mudar não é o entendimento, mas o sentimento.
            Quem fuma sabe muito bem que esse hábito é prejudicial à saúde, mas mesmo assim continua fumando. Sabe e entende os danos do cigarro, porém não sentem de maneira nítida o mal que estão fazendo consigo próprios. Se tivessem essa consciência parariam de fumar imediatamente e teriam um autocuidado para com suas vidas. A consciência de que somos responsáveis pelas nossas vidas e por muito do que nos acontece é fundamental para se viver bem.
            Viver uma vida melhor não se trata apenas de mudar as condições externas, mas acima de tudo de transformar as condições internas. Isso é um processo e não se dá mantendo um olhar superficial positivo, porém criando condições para emergir uma nova consciência sobre nós, para ver claramente como vivemos e como podemos viver. Quando uma nova consciência pode surgir podemos escolher como viver, mas antes de uma verdadeira consciência nascer é impossível escolher o que quer que seja.
            Escolher a forma que vivemos é uma atividade consciente, é preciso estar desperto. Quem permanece adormecido se engana acreditando que escolhe algo, mas na verdade acaba sempre se repetindo e aprisionado nos mesmos erros, dores e atitudes. No entanto, despertar não é mesmo fácil e é um trabalho para a vida toda. Não há descanso e férias desse trabalho e por isso mesmo é tão importante começa-lo já porque no fundo estamos todos atrasados.

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