Há uma história sobre uma mulher que tinha só três fios
de cabelo. Ela acordou uma manhã, viu-se no espelho e decidiu que iria fazer
uma trança para aquele dia e seu dia foi ótimo. Na manhã seguinte, ao acordar,
notou que tinha só dois fios de cabelo e resolveu seu penteado repartindo-o no
meio e seu dia foi ótimo. Em outra manhã só restou um fio de cabelo e ela
decidiu que iria fazer um rabo de cavalo e teve um ótimo dia. Até que chegou
uma manhã, contudo, que ao se ver no espelho percebeu que não tinha mais cabelo
algum, mas ela vibrou e disse para si própria que não precisava arrumar o
cabelo naquele dia que acabou sendo,
como quase sempre, ótimo.
Obviamente essa história é apenas simbólica e não para
ser tomada literalmente. Todavia ela nos mostra uma verdade da vida. A verdade
é que dependendo de como olhamos para a vida nossas experiências podem ser boas
ou ruins. Conforme a lente que usamos para olhar o que nos acontece nossas
vivências e interpretações terão naturezas distintas.
Não se trata, entretanto, de manter pensamentos
positivos. Quantas vezes você já tentou pensamentos positivos e nunca deu
certo? Aposto que muitas. Não se trata de, superficialmente, olhar o lado bom
da vida, colocar um sorriso na cara e acreditar que isso resolve tudo. Quem
dera fosse fácil assim. Trata-se, portanto, de uma nova consciência, de um novo
relacionamento para com a vida. Trata-se de sentir o que fazemos e como vivemos
para perceber que vivemos de maneira ineficiente.
Quem aqui já não se deparou com um rompante de raiva e
acabou brigando com todos e tudo e depois se arrependeu? E ainda prometeu que
isso não ia acontecer novamente? Só que não adiantou e esses momentos de
rompantes ocorreram inúmeras outras vezes. A pessoa até entende, racionalmente,
que essa raiva e explosões são prejudiciais, mas não tem consciência do quanto
estão se prejudicando. Há uma divisão entre o que entendem superficialmente e o
que sentem de fato. E o que faz alguém mudar não é o entendimento, mas o
sentimento.
Quem fuma sabe muito bem que esse hábito é prejudicial à
saúde, mas mesmo assim continua fumando. Sabe e entende os danos do cigarro,
porém não sentem de maneira nítida o mal que estão fazendo consigo próprios. Se
tivessem essa consciência parariam de fumar imediatamente e teriam um
autocuidado para com suas vidas. A consciência de que somos responsáveis pelas
nossas vidas e por muito do que nos acontece é fundamental para se viver bem.
Viver uma vida melhor não se trata apenas de mudar as
condições externas, mas acima de tudo de transformar as condições internas.
Isso é um processo e não se dá mantendo um olhar superficial positivo, porém
criando condições para emergir uma nova consciência sobre nós, para ver
claramente como vivemos e como podemos viver. Quando uma nova consciência pode
surgir podemos escolher como viver, mas antes de uma verdadeira consciência
nascer é impossível escolher o que quer que seja.
Escolher a forma que vivemos é uma
atividade consciente, é preciso estar desperto. Quem permanece adormecido se
engana acreditando que escolhe algo, mas na verdade acaba sempre se repetindo e
aprisionado nos mesmos erros, dores e atitudes. No entanto, despertar não é
mesmo fácil e é um trabalho para a vida toda. Não há descanso e férias desse trabalho
e por isso mesmo é tão importante começa-lo já porque no fundo estamos todos
atrasados.
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