Sou cristão e como tal
tenho que seguir determinadas regras que guiam a vida cristã. Não que eu tenha,
mas assim é a minha escolha. Hoje tenho 22 anos e nunca namorei e muito menos
tive relação sexual. Só se admite vida sexual no cristianismo após haver
casamento. Eu entendo tudo isso, mas me sinto um pecador. Não consigo tirar a
minha cabeça do sexo e penso em sexo e em mulheres muitas e inúmeras vezes ao
dia. Imagino até cenas sexuais com mulheres. Sei que isso tudo está
extremamente errado e não queria ser assim, tão mundano. Nunca consegui
conversar com o pastor sobre essas coisas que sinto porque não quero que ele
pense mal de mim. As vezes eu me masturbo e sei que isso também é pecado e
atrapalha meu crescimento espiritual. Não sei mais o que fazer. Estou desesperado.
Só penso em sexo, mas estou longe de casar. Queria muito ser casto e ter uma
vida casta como manda a bíblia, mas estou mais para pecador do que para santo.
Tem hora que odeio sentir desejo sexual. O que posso fazer?
Você é cristão, mas antes de ser
cristão é também humano. Isso não pode ser esquecido. O problema de esquecer
esse simples fato é que traz muitas confusões como se só fossemos determinadas
coisas e assim negamos a força de elementos que nos pertencem e que precisam ser
acolhidos. Estou falando da força da pulsão sexual que não deve jamais ser
desprezada, pois quem a despreza despreza na verdade a si mesmo.
Sendo um jovem de 22 anos é mais do
que natural que você tenha desejo sexual. A sexualidade faz parte da natureza e
negá-la é o mesmo que negar a própria natureza e isso não temos como fazer sob
o risco de causar sérios sofrimentos. Negar a natureza é sempre um tiro fatal.
Infelizmente, na religião, que é feita por pessoas, a sexualidade é assunto
tabu e muitíssimo mal compreendido. A tendência de muitas pessoas é negarem e
desvalorizarem aquilo que não compreendem e temem. Só que o mal que essa
atitude traz é incalculável. No entanto, você sente esse mal quando diz
que odeia uma parte sua que não tem como ser negada. Uma pessoa que odeia a si
mesma não tem como estar bem. Essa atitude não me parece ser cristã.
No fundo você sabe disso porque teme
em falar com o pastor que, nas suas palavras, pode pensar mal de você caso você
se abra sobre o que vem sentindo. Você parece não confiar no pastor e preferiu
me escrever. Isso diz muito e uma das coisas que isso quer dizer é que você
está a procura de outros modelos, outras formas de se relacionar com sua
sexualidade que não seja apenas a da condenação. Hoje, você está mais
interessado em entender sobre o que a sexualidade te desperta do que em
simplesmente condená-la e isso é muito bom.
Você, também, precisa aprender que
castidade é uma coisa e celibato é outra. A castidade tem a ver com a pureza e
não com a sexualidade. Ser casto implica em ter auto-respeito, em poder
desenvolver amor próprio. Quem não tem amor próprio age de maneira incoerente
consigo mesmo e não sabe se preservar inclusive na vida sexual. O que lhe falta
é poder conversar sobre todas essas coisas que lhe trazem ansiedades com alguém
que não tenha preconceitos e nem uma visão limitada. Em outras palavras,
falta-lhe um encontro verdadeiro e humano. Uma análise poderia lhe ser de
grande ajuda para poder organizar essa confusão que se passa dentro de você.
Que tal se além de cristão você também for um ser humano?
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