Quero muito melhorar
minha vida, me tornar mais ativa e estar bem comigo mesma. Saí da casa dos meus
pais já faz um ano e eles são pessoas muito para baixo, depressivos mesmo. Não
quero isso para mim e resolvi mudar para longe deles onde eu possa ser eu mesma.
Só que apesar de gostar de morar longe deles eu ainda sinto que falta muito em
minha vida. Não sei dizer o que, mas parece que ainda fico presa ao modelo dos
meus pais de ser negativa em tudo. Me dá medo de que tudo que eu faça vai dar
errado, assim como deram para os meus pais. E mudar isso está difícil e
demorado. Não queria que levasse tanto tempo assim. E percebo que com isso eu
fico meio desmotivada com a vida. Preciso sair disso, mas não sei como.
Pelo o que entendo você identifica
em você um movimento destrutivo. Algo que lhe deixa para baixo e pessimista,
sem acreditar que possa ser capaz de viver uma vida mais rica. O problema é que
você acreditou que isso iria se resolver apenas com a distância física. Não se
trata disso. Você pode até mesmo ir morar numa estação espacial orbital, mas se
não mudar dentro nada irá acontecer.
A distância que você precisa não é a
física, mas criar a distância interna de um funcionamento destrutivo. Você quer
se livrar dos seus pais enquanto na verdade precisa se livrar é desses pais
imaginados aí dentro de você. A figura de pais que você deve ter construído é
depressiva e cheia de impedimentos ao crescimento. Agora, você não deve
confundir esses pais imaginados e construídos internamente com seus pais reais.
Nem sempre lidamos apenas com a
realidade externa. Muitas vezes lidamos com aquilo que está na nossa mente, que
é sim verdadeiro, mas devido ao que sentimos e não à realidade de fato. Em
outras palavras, cuidar daquilo que sentimos é de fundamental importância para podermos
abandonar nossos empecilhos que nos evitam ser quem na verdade podemos ser.
Hoje você não sabe de você, você sabe apenas da sua história, mas nunca pôde
ter realmente pensado nela para se ver livre do passado. Quando ficamos presos
ao passado e desconhecemos o presente não tem mesmo como vivermos bem.
Já quanto ao tempo de ir se
reconstruindo de outra maneira é longo mesmo. Afinal, aquelas mudanças que
valem a pena não têm como ser rápidas. Qualquer mudança do nosso mundo interno
é mesmo demorada porque não se trata de trocar uma coisa pela outra, mas de
trocar a forma que se funciona e se relaciona com a vida. Esse trabalho pessoal
tem muito mais as características de um trabalho artesanal do que industrial,
ou seja, demanda tempo e paciência. Porém, o tempo não importa já que o que é
importante é trilhar o caminho que te leve a você mesma. Seja o tempo que for,
mas jamais podemos deixar de caminhar e ir aprendendo com as experiências na
nossa vida.
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