sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Pergunta de Leitora - A Distância do Passado



Quero muito melhorar minha vida, me tornar mais ativa e estar bem comigo mesma. Saí da casa dos meus pais já faz um ano e eles são pessoas muito para baixo, depressivos mesmo. Não quero isso para mim e resolvi mudar para longe deles onde eu possa ser eu mesma. Só que apesar de gostar de morar longe deles eu ainda sinto que falta muito em minha vida. Não sei dizer o que, mas parece que ainda fico presa ao modelo dos meus pais de ser negativa em tudo. Me dá medo de que tudo que eu faça vai dar errado, assim como deram para os meus pais. E mudar isso está difícil e demorado. Não queria que levasse tanto tempo assim. E percebo que com isso eu fico meio desmotivada com a vida. Preciso sair disso, mas não sei como.

            Pelo o que entendo você identifica em você um movimento destrutivo. Algo que lhe deixa para baixo e pessimista, sem acreditar que possa ser capaz de viver uma vida mais rica. O problema é que você acreditou que isso iria se resolver apenas com a distância física. Não se trata disso. Você pode até mesmo ir morar numa estação espacial orbital, mas se não mudar dentro nada irá acontecer.
            A distância que você precisa não é a física, mas criar a distância interna de um funcionamento destrutivo. Você quer se livrar dos seus pais enquanto na verdade precisa se livrar é desses pais imaginados aí dentro de você. A figura de pais que você deve ter construído é depressiva e cheia de impedimentos ao crescimento. Agora, você não deve confundir esses pais imaginados e construídos internamente com seus pais reais.
            Nem sempre lidamos apenas com a realidade externa. Muitas vezes lidamos com aquilo que está na nossa mente, que é sim verdadeiro, mas devido ao que sentimos e não à realidade de fato. Em outras palavras, cuidar daquilo que sentimos é de fundamental importância para podermos abandonar nossos empecilhos que nos evitam ser quem na verdade podemos ser. Hoje você não sabe de você, você sabe apenas da sua história, mas nunca pôde ter realmente pensado nela para se ver livre do passado. Quando ficamos presos ao passado e desconhecemos o presente não tem mesmo como vivermos bem.
            Já quanto ao tempo de ir se reconstruindo de outra maneira é longo mesmo. Afinal, aquelas mudanças que valem a pena não têm como ser rápidas. Qualquer mudança do nosso mundo interno é mesmo demorada porque não se trata de trocar uma coisa pela outra, mas de trocar a forma que se funciona e se relaciona com a vida. Esse trabalho pessoal tem muito mais as características de um trabalho artesanal do que industrial, ou seja, demanda tempo e paciência. Porém, o tempo não importa já que o que é importante é trilhar o caminho que te leve a você mesma. Seja o tempo que for, mas jamais podemos deixar de caminhar e ir aprendendo com as experiências na nossa vida. 

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