segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Desespero e Decisões




            Quando nos encontramos desesperados, cheios de angústias, devemos evitar tomar decisões importantes e grandiosas. Isso parece óbvio já que quando estamos angustiados não conseguimos pensar com clareza e por isso mesmo tomar uma decisão importante é algo que pode levar a um erro severo. Apesar de ser óbvio, o que mais encontramos é pessoas tomando decisões nos piores momentos possíveis.
            Tomar uma decisão, quando alguém se encontra em desespero, é perigoso porque o que pode estar impulsionando os atos desta pessoa pode ter muito mais a ver com o fato de ela querer se livrar da ansiedade que sente do que estar realmente pensando sobre o que acontece. Assim, as decisões estarão a serviço do impulso, do querer se ver logo livre do que causa o desespero e não haverá verdade e genuína reflexão sobre o que se decide.
            O mais provável que ocorra quando alguém toma uma decisão em desespero é ser levado a trilhar os caminhos que pareçam mais fáceis, mas que quase nunca são bons verdadeiramente. Na angústia é muito fácil se enganar. Acolher essa ansiedade se faz vital porque quando toleramos o que sentimos podemos abrir espaço para realmente pensar sobre o que temos que fazer. O pensamento útil só pode existir à medida que toleramos o sofrimento que uma angústia nos desperta e assim, ao não ficarmos num frenesi, poderemos pesar os dados que temos e chegar a uma decisão harmônica com nós mesmos.
            Aos desesperados que estão prestes a tomar os pés pelas mãos recomenda-se tolerância e paciência para que um pensamento verdadeiro possa ser construído. As soluções para os nossos problemas nunca vem prontas e imediatas, mas precisam ser elaboradas, criadas a partir do que realmente conseguimos ver e refletir. O grande problema é que muita gente acredita que ser paciente e tolerante para o que vem lhe acontecendo é ser passivo e acomodado, o que é um terrível engano. Paciência e tolerância exigem um altíssimo grau de investimento em si mesmo, na própria mente e isso nada tem a ver com passividade. Para sermos pacientes e tolerantes precisamos ser muito ativos, ou seja, donos de nós mesmos, ou em outras palavras: ser completamente livre.

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