O amor devotado de uma mãe ao seu
filho é de grande importância para o bom desenvolvimento deste. Aliás, sem esse
amor materno fica impossibilitado a criança internalizar funções que propiciem
um crescer tranquilo e seguro. A mãe é então vital. Entretanto, esse mesmo amor
que se faz tão necessário pode se tornar algo perigoso e que ao invés de
favorecer o amadurecimento corre o risco de trazer sérios prejuízos.
Esse perigo se encontra quando a mãe
se acredita na posse de seu filho e com isso não abre espaço para que ele
encontre e faça os próprios caminhos. A mãe precisa aprender a abrir mão quando
é chegado o momento, senão prende o filho, o que pode tornar o relacionamento
intolerável. A mãe que não consegue compreender que seu filho não lhe pertence
é narcísica, pois só reconhece a si mesma e os seus medos, sem perceber que seu
filho é um ser independente.
Quando uma mulher está em período de
gestação o feto que dentro dela se desenvolve é parte de seu corpo. O cordão
umbilical é a prova de que o feto é algo pertencente à sua mãe. O feto é
totalmente dependente e a mãe se sente incumbida de fornecer total cuidado e
passa a gostar disso. Após o parto há um bebê separado de sua mãe, porém mesmo
assim continua na dependência dos cuidados maternos e a mãe o sente como parte
de si mesma, afinal é algo saído de seu corpo. Nem poderia sentir diferente e é
justamente esse sentimento de posse que permite que muitas mães deem aos seus
bebês o cuidado e carinho que tanto precisam. Só que com o tempo esse filho tão
dependente vai crescendo e tendo desejos próprios e o direito de ir em busca do
que quer para si. Nada mais natural. O problema começa quando a mãe se ressente
da independência de seu filho.
No momento que a mãe sente-se mal
com a liberdade do filho não se trata mais de um amor verdadeiro, mas de um
amor deturpado que visa apenas o controle e a posse. Quando o filho, crescido e
independente, é sentido como um filho ingrato o amor já perdeu espaço e o que
domina é o ressentimento. Isso pode fazer com que muitos filhos se sintam
culpados pelo próprio desenvolvimento e muitos até mesmo abdicam de si próprios
para não contrariar a mãe que amam. Não é fácil ser filho, assim como não é
fácil ser mãe. Os relacionamentos sejam de qual natureza for são complexos e
necessitam de muita delicadeza e reflexão. A mãe, para estar bem, precisa
aprender a aceitar que seu filho, que já lhe pertenceu por um tempo, tem vida
própria. Fez o melhor que pôde o seu papel e se este foi desempenhado a
contento o filho pôde ter crescido de maneira favorável e que já não mais
precisa dela. Não precisar dela não implica o fim do relacionamento, mas apenas
uma transformação. Onde antes havia uma ligação de dependência passa a existir
uma ligação de independência. Deixar o filho seguir adiante é difícil, mas
extremamente necessário.
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