Uma lenda budista diz
que num lago viviam um grupo de larvas muito felizes, exceto pelo fato
de que de tempos em tempos uma larva decidia subir pela vegetação acima do
nível da água para ver o que havia ali e de lá nunca mais voltava. Todas
acreditavam que ela tinha sido morta e se entristeciam. Um dia uma larva sentiu
uma irresistível vontade de subir pela vegetação, mas antes decidiu que seu
futuro ia ser diferente e prometeu para si mesma que iria retornar. Quando
subiu descobriu o agradável calor do sol e dormiu profundamente. Durante esse
sono uma transformação ocorreu e quando por fim despertou já não era uma larva,
mas uma libélula. Seu destino era voar e conhecer todo um mundo novo. Então as
larvas não morriam, pensou, mas transformavam-se. Quis contar as outras
companheiras para não mais ficarem tristes e nem temerem, mas não tinha como
entrar embaixo da água. Entretanto, entendeu que cada uma, no seu devido tempo,
iria descobrir por si mesma o que agora ela sabia e com isso voou feliz e livre
para a sua vida.
Só existe vida quando nos transformamos, quando em cada
momento, em cada fase, nos permitimos viver o que precisamos e nos
transformamos no que podemos ser. Cada um a seu tempo, assimilando e digerindo
as experiências necessárias. E toda vez que nos transformamos não há mais
volta, não podemos jamais ser o que já fomos, mas só podemos seguir adiante.
Um indivíduo que passa por um processo analítico acaba se
transformando. A razão de uma análise não é para que a pessoa seja “normal”,
seja lá o que isso for. O motivo de se fazer uma análise é criar recursos para
se transformar naquilo que a gente tem de forma embrionária dentro de nós. A
análise torna você você mesmo!
Parece pouco, mas alguém tornar-se
quem pode vir a ser de fato é uma das maiores riquezas nessa vida. Esse tesouro
não pode ser roubado e nem tem como perder valor, pois pertence a dimensão do
ser e não do ter. Essa transformação é uma experiência única, individual e
intransferível, muito difícil de ser colocada em palavras e de ser entendida
por aqueles que resistem às transformações e que as temem. Contudo, cada um, ao
seu tempo, vai sentir uma vontade irresistível de se transformar e saberá que
com isso só poderão seguir em frente. Sempre.
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