Olhe
bem o que me acontece. Casei pela primeira vez há alguns anos e pensei que
seria feliz para sempre. Meu marido me abandonou e me trocou por outra. Depois
disso vivi um período infernal, de muitas dores e sofrimentos. Me dediquei à
arte e pintava quadros maravilhosos. Aprendi a tocar um instrumento musical.
Enfim, fiz tudo aquilo que eu já fazia antes do meu casamento e que abandonei
para me dedicar exclusivamente ao meu marido. Despois de um tempo conheci outro
homem que parecia que ia ser o paraíso o nosso relacionamento e me dediquei cem
por cento a esse homem, deixando tudo que era meu de lado. Mas mais uma vez fui
abandonada. Não sei o que me acontece. Será que é minha sina ser abandonada? E
percebo que quando estou na fossa, na lama, eu me dedico mais à minha arte. Me
pergunto se só mesmo os que sofrem conseguem produzir arte.
As
pessoas entendem o casamento de uma maneira muito equivocada. O casamento, até
mesmo os que estão registrados em cartório, não é uma coisa estável e que
podemos chamar de um bem nosso, mas é algo vivo, que é fluido e em constante
dinâmica. Por isso mesmo o casamento se trata de algo instável, um jogo que se
não for jogado bem, termina. O amor é como uma dança e o movimento de um influencia o movimento do outro.
Quando
há uma separação decidida por um dos membros e que pega o outro de surpresa é
geralmente porque o primeiro decidiu continuar dançando enquanto o outro optou
pela imobilidade. É que o amor, que sustenta um relacionamento, só pode existir
se os dois dançarem juntos e se um quiser ficar parado, sentado e esperando, o
outro vai sentir uma irresistível vontade de procurar outro parceiro de dança.
Será que é isso que lhe acontece?
Você
disse que nos seus dois relacionamentos você foi abandonada pelos companheiros que
decidiram seguir sem você. Será que ao querer ser uma boa esposa e se dedicar exclusivamente ao parceiro você deixou de
investir em você mesma, terminando por se abandonar e com isso foi murchando e
perdendo atratividade? Vale a pena considerar essa hipótese para que você
aprenda que o amor não implica em você se aposentar do que você faz por si
mesma. Quando está só você consegue produzir, você diz, mas quando acompanhada
parece abdicar de tudo que é você mesma e que havia encantado os seus
parceiros.
Quando
não está acompanhada você se sente tomada por uma incrível vitalidade, que
provavelmente deve ser um chamativo para que alguém se interesse e se aproxime
de você. Depois de entrar em um relacionamento parece perder toda essa
vitalidade e busca ser apenas uma esposa em tempo integral. Arrisco dizer que
esses homens devem ter se sentido enganados por você. Quando pensaram que
tinham encontrado alguém com quem dançar você demonstra que quer mesmo ficar
parada. O que lhe é necessário é entender o que você faz com sua vitalidade
assim que está em um relacionamento para que pare de se repetir e possa
continuar dançando sempre. A vida, tal como a arte, não é rígida, mas sempre
fluida.
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