sexta-feira, 23 de maio de 2014

Pergunta de Leitora - O Lugar do Filho


Quero muito um filho, mas por problemas do meu corpo não posso engravidar. Soube disso ano passado e fiquei muito frustrada. No começo queria morrer de desgosto. Agora venho pensando em adoção. Sei que é um processo demorado e difícil. Meu medo é sobre a criança que posso vir adotar. Será que vou sentir essa criança como meu filho mesmo? Essa criança não vai ser parecida comigo e nem com meu marido e se ela dar algum problema? Ao mesmo tempo que quero um filho também tenho medo das coisas derem errado com uma criança que não é do meu sangue. Como se desenvolvem as crianças adotadas?

            Provavelmente você ainda continua muito frustrada pelo fato de não poder gerar um filho e está em dúvida sobre a adoção. O mais importante é você ter certeza se quer mesmo adotar. Para isso é preciso entender porque quer um filho, qual o significado desse filho para você.
            Se for para ter laços sanguíneos com você é melhor optar por não adotar. Se o que você valoriza ao pensar num filho for ele carregar seus genes, uma criança adotada não vai lhe servir, pois esta carregará genes de outros. Por isso que se faz tão importante você entender qual o lugar para o filho em sua vida e que tipo de filho. Afinal, a adoção precisa ser uma escolha e não uma necessidade.
            Agora, mais do que laços sanguíneos a família é feita de relacionamentos. Quem adota precisa aceitar que os genes pouco importam e o que vale é o relacionamento que pode ser estabelecido com a criança. A criança adotada já chega numa posição de vulnerabilidade pelo fato dos seus pais biológicos não terem querido ficar com ela ou não terem podido ficar com ela, portanto quando ela é adotada precisa encontrar pais acolhedores que a desejem e queiram ser sua família. Você se sente no desejo de acolher uma criança e se fazer mãe dela?
            Quando você fala que a criança adotada não seria parecida com você e nem com o seu marido será que não existe um narcisismo aí? Por que o filho teria que ser parecido? Se o desejo por um filho seja para alimentar uma vontade narcísica é melhor não ter filho nenhum, nem biológico e nem adotado, porque o filho não serve para fins narcísicos. Isso seria egoísmo com a criança. E quanto a criança adotada dar problemas no futuro, bem, quem disse que seu filho biológico não daria problemas? É importante você investigar mais ao fundo quais razões inconscientes te fazem desejar um filho e avaliar se essas razoes são motivos bons o suficiente para te levar ao caminho da adoção. Se autoconhecer é sempre o melhor negócio. 

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