segunda-feira, 21 de abril de 2014

Abrir os Olhos


            No meio de tantas más notícias e tragédias uma notícia em especial me chamou atenção e mostra que vale a pena e muito! ter esperanças na humanidade apesar de ultimamente nos darmos conta de tantas desgraças. A notícia: Um jovem no Irã condenado à morte por ter assassinado outro jovem de 18 anos numa briga de rua em 2007 foi salvo pela mãe da vítima na última quinta-feira (17 de abril). De acordo com o relato do pai da vítima, sua esposa havia sonhado com o filho morto que dizia estar bem e que não precisavam matar o seu assassino. Momentos antes do criminoso ser enforcado, a mãe subiu até ele, desferiu um tapa em sua cara, ajudou a tirar a corda em volta de seu pescoço, disse que o perdoava e saiu de lá aos prantos. O assassino também chorava e todos que presenciaram a cena ficaram comovidos.

            Sobreviver ao próprio filho já é para a mãe uma coisa horrível e imensamente dolorosa. Espera-se que a vida siga o curso natural que prega os pais irem antes de seus filhos, mas quando a morte do filho é fruto da violência e das mãos de um assassino a dor fica insuportável porque nesses casos tem-se alguém para culpar e que foi responsável por esse desatino. Na lei Iraniana alguém culpado pela morte de outro sofre a pena de morte. Se tirou uma vida, terá a sua vida também tirada. É a velha lei do olho por olho, dente por dente, lei esta mais antiga do que podemos imaginar e que tem no ato de vingança a sua justiça.

            A dor que esta mãe sentiu ao saber que seu filho tinha sido assassinado deve ter sido enorme ainda mais porque anos antes ela já havia perdido outro filho num acidente de moto. É de enlouquecer qualquer um e ela tinha todos os motivos do mundo para querer ver o assassino de seu filho enforcado. Porém o ser humano pode ser surpreendente e digno de atitudes magistrais. A dor que sentia e que sempre sentirá pela perda de seu filho não irá diminuir, mas ela não permitiu que essa mesma dor dirigisse sua mente e a levasse à vingança. Ela entendeu que a morte do assassino não iria resolver o seu sofrimento e nem reparar a sua perda. Iria apenas gerar mais violência e raiva. Ela abdicou da vingança e promoveu a verdadeira justiça. Agora o assassino cumprirá pena na prisão e poderá, teoricamente, refletir sobre o que fez e o que lhe aconteceu.

            Só mesmo uma mulher madura emocionalmente poderia ter tal atitude. A educação sentimental, que tanto nos faz falta, é de vital importância para como a sociedade pode agir. Ao dar um tapa no assassino e perdoá-lo ela foi tal como uma mãe para ele. Ela o reprendeu, mas pôde ao mesmo tempo amá-lo. Isso não é para qualquer um, mas apenas para aqueles que se permitem aprender com as experiências de vida e que não deixam a dor dominar. A humanidade tem muita coisa boa a oferecer, só precisa se dedicar mais àquilo que engrandece a vida e a torna realmente digna. Atitudes assim são poucas, mas a esperança é a última que morre. Gandhi dizia “Se o mundo continuar na lei do olho por olho, todo o mundo acabará cego”. Que tal renunciarmos à cegueira e abrirmos os olhos? Que tal aprendermos a sair de nossas dores e a fazer disso tudo algo maior e melhor. É um trabalho de todos, mas precisamos acordar o quanto antes.

Um comentário:

  1. Querido amigo!
    Tenho que treinar mais para não ratear na hora de enviar.
    Parabéns pelas tuas postagens .Continuas cada vez melhor.
    Abraços!

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