Vivemos numa época de rápidas conexões, mas nunca nos
sentimos tão sós. Estamos rodeados por pessoas e mesmo assim nos sentimos
solitários. Até mesmo quando nos encontramos com muitos amigos podemos carregar
o sentimento de solidão e nos sentir mal. Afinal, de onde vem esse sentimento?
Nos primeiros meses de vida vivemos uma relação com a mãe
muito significativa. Quando tudo vai bem entre mãe e bebê o relacionamento é
sentido por este último como algo mágico. A comunicação é pré-verbal e funciona
através da intuição, ou seja, a mãe intui o que se passa com seu bebê e trata
de cuidar de suas urgências e necessidades. Nesses momentos o bebê jamais se
sente solitário e nem tem medo da solidão. No entanto, com o tempo o bebê percebe
que sua mãe tem vida própria e que não pode ficar à sua disposição 24 horas por
dia. É o primeiro contato com a solidão e é assustador. É preciso desenvolver
habilidades para se comunicar com o mundo externo, pois nem sempre haverá uma
mãe para traduzir e interpretar o seu desejo. A criança descobre que tem que
crescer e crescer é solitário.
Na vida adulta o sentimento de solidão está associado aos
primeiros meses de vida. Queremos encontrar alguém ou algo que seja mágico e
que nos traga uma sensação de completude. Buscamos cada vez mais ligações na
intenção de encontrar a mágica perdida de antes. Só que isso não acontece e nem
tem como acontecer. A vida do adulto exige que ele tolere a frustração de se
contentar com ligações reais e possíveis e não mais esperar sobre o que não tem
como existir. O sentimento de solidão existe quando esperamos por ligações
mágicas.
Provavelmente a origem e o sucesso das famosas redes
sociais têm a ver com a exploração do sentimento de solidão. Em algum grau é
até possível que elas consigam mitigar um pouco esse sentimento, mas nunca será
completamente satisfatório. Sempre nos sentiremos sós. Esse sentimento só
poderá ser mais ou menos resolvido a medida que usamos da comunicação verbal e
aceitar todos os limites que ela implica, bem como tolerar relacionamentos
reais e não mais se apegar ao impossível. Solidão sempre existirá, mas não
precisa ser tão temida.
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