Circula
na internet um quadrinho, cujo autor eu desconheço, onde aparece um gênio da
lâmpada falando com um cachorro deitado de barriga para cima. O gênio informa o
cachorro de que este só tem mais um desejo e pergunta se ele quer mesmo mais um
carinho na barriga. Muito provavelmente já sabemos a resposta a essa pergunta.
O cachorro responderá que sim. Com essa piada, bem bolada, aprendemos sobre a
natureza da mente que se não trabalhada quer apenas o imediatismo.
Tal
como o cachorro desse quadrinho as crianças e muitos adultos se comportam dessa
mesma maneira. Querem ter todos os seus desejos realizados rapidamente e com
isso não conseguem “pensar” e assim construir uma vida mais estruturada. Freud,
criador da psicanálise, observou algo que chamou de princípio do prazer que significa a pessoa não ter nenhuma
tolerância a esperar pela não realização de um desejo agora para poder realizar
algo bem melhor no futuro. No princípio do prazer os desejos são imperativos e
quaisquer obstáculos são sentidos com grande frustração e ódio. Nesse estado
não há espaço para o pensamento, apenas para a satisfação.
O
problema é que viver só desta forma nos torna muito primitivos. Porque quem não
pensa não consegue fazer planos e quem não faz planos fica impossibilitado de construir
algo de valor. A vida se torna empobrecida já que a única ciosa que conta é a
satisfação do aqui e agora. O planejar, aguardar e ir construindo algo se torna
intolerável e fonte de inúmeras frustrações. Buscar pelo imediatismo tão
somente nos torna primitivos e para amadurecer é preciso transformar esse
estado.
O
princípio da realidade que Freud
também descreveu é o que transforma um estado primitivo de busca imediata por
prazer em algo mais refinado e amadurecido. O princípio da realidade permite
que exista um pensamento e pensar significa bem avaliar seus desejos e decidir
se vale apena realizá-los e até mesmo como realizá-los. O sujeito, nesses
casos, não fica mais preso ao império da satisfação, mas pode decidir o que lhe
é melhor. Deixa de estar numa posição passiva (preso à satisfação do desejo)
para adotar uma posição ativa (livre para escolher). Deixa o primitivismo e
passa a ser humano. Uma pessoa assim saberia bem melhor lidar com a própria
mente e poderia escolher bem mais proveitosamente quais desejos quer de fato
realizar. Enfim, com o estabelecimento do princípio da realidade a pessoa passa
a ser dona de si mesma.
Adorei. Parabéns
ResponderExcluirE obrigada