Bem, deixe te fazer uma pergunta que
ultimamente tenho observado em meus alunos. Hoje é de assustar e alarmante os
casos que nós, professores, compartilhamos. Alguns com participação da família
e escola, outros totalmente largados à deriva!!! Hoje tenho um olhar peculiar
aos adolescentes, visto ter tido um filho que passou por um período depressivo.
Você trabalha com adolescentes? O que posso saber e perceber sobre a distimia, que
hoje é assunto top. Me assusta muito o
mal humor dos adolescentes, a impaciência, o querer tudo ontem e da maneira
deles.
O que te mobilizou a fazer esta
pergunta tem a ver com o fato de que lidar com adolescentes não é tarefa fácil
e desperta muitas angústias. Os adolescentes
são seres em mutação, ou seja, estão passando por grandes mudanças internas e
externas e essa fase pode ser bastante conturbada fazendo com que quem estiver
a sua volta também fique confuso junto com eles. Além disso, ter tido um filho
que passou por um período depressivo deve ter te feito se sentir impotente. Ao
olhar para o sofrimento de alguém que nos é querido e não se sentir com poder
para mudar isso pode ser bastante desesperador.
O transtorno distímico ou depressão
crônica nada mais é do que um estado mental onde toda a vida parece perder a
cor e sabor, onde viver parece ser mais um fardo do que um prazer. É como estar
em um luto permanente sem que tenha havido uma perda real. Entendo a depressão
como um ódio à vida. Odeia-se ter que viver, já que viver significa lutar e
procurar significados. Se entregar a um estado depressivo é característico de
uma baixa tolerância às frustrações. Resultado: pela vida não ser o que se
imaginava que fosse e por se perceber a necessidade de trabalhar duro para se
conquistar algo, a pessoa passa a negar a vida, assim ela sente que pelo menos
não se frustra.
Muitas crianças estão se tornando
adolescentes rápidos demais. A cultura, em geral, favorece para que assim seja
e não permite que a criança viva etapas importantes em sua vida. No início da
vida infantil a criança tem baixíssima tolerância à frustração, mas conforme o
tempo vai passando ela vai se deparando com uma realidade que demonstra que nem
tudo é como ela gostaria que fosse. A criança tem então a chance de elaborar
esses desgostos e desprazeres. Com a chegada precoce da adolescência muitas
elaborações ficaram por ser feitas e o jovem já tem que lidar com as agruras de
uma vida totalmente nova e desconhecida. É verdadeiramente enlouquecedor e
angustiante.
Nesses momentos se manter sã e com os pés na realidade é a melhor
maneira de ajudar quem se encontra nesse estado. Assim você não irá
“enlouquecer” junto com eles e manter a sua maturidade preservada é justamente
o modelo que esses adolescentes mais necessitam. Eles carecem de uma visão mais
realista sobre a vida que inclui também a frustração e que a frustração não
precisa ser sentida como trágica, mas como um fato que precisa ser elaborado. O
que você pode fazer é mostrar esse modelo de vida para eles, mesmo que isso
pareça pouco e insuficiente. Gandhi tem uma frase interessante a esse respeito:
Tudo o que fizeres de bom na vida será
insuficiente, mas mesmo assim é importante que você o faça. Você é uma boa
educadora, se não fosse não se deixaria tocar por essas questões. Parabéns por
estar na luta e querendo aprender mais.
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