sexta-feira, 17 de maio de 2013

Pergunta de Leitora - Olhar educador



Bem, deixe te fazer uma pergunta que ultimamente tenho observado em meus alunos. Hoje é de assustar e alarmante os casos que nós, professores, compartilhamos. Alguns com participação da família e escola, outros totalmente largados à deriva!!! Hoje tenho um olhar peculiar aos adolescentes, visto ter tido um filho que passou por um período depressivo. Você trabalha com adolescentes? O que posso saber e perceber sobre a distimia, que hoje é assunto top.  Me assusta muito o mal humor dos adolescentes, a impaciência, o querer tudo ontem e da maneira deles.

            O que te mobilizou a fazer esta pergunta tem a ver com o fato de que lidar com adolescentes não é tarefa fácil e desperta muitas angústias. Os adolescentes são seres em mutação, ou seja, estão passando por grandes mudanças internas e externas e essa fase pode ser bastante conturbada fazendo com que quem estiver a sua volta também fique confuso junto com eles. Além disso, ter tido um filho que passou por um período depressivo deve ter te feito se sentir impotente. Ao olhar para o sofrimento de alguém que nos é querido e não se sentir com poder para mudar isso pode ser bastante desesperador.
            O transtorno distímico ou depressão crônica nada mais é do que um estado mental onde toda a vida parece perder a cor e sabor, onde viver parece ser mais um fardo do que um prazer. É como estar em um luto permanente sem que tenha havido uma perda real. Entendo a depressão como um ódio à vida. Odeia-se ter que viver, já que viver significa lutar e procurar significados. Se entregar a um estado depressivo é característico de uma baixa tolerância às frustrações. Resultado: pela vida não ser o que se imaginava que fosse e por se perceber a necessidade de trabalhar duro para se conquistar algo, a pessoa passa a negar a vida, assim ela sente que pelo menos não se frustra.
            Muitas crianças estão se tornando adolescentes rápidos demais. A cultura, em geral, favorece para que assim seja e não permite que a criança viva etapas importantes em sua vida. No início da vida infantil a criança tem baixíssima tolerância à frustração, mas conforme o tempo vai passando ela vai se deparando com uma realidade que demonstra que nem tudo é como ela gostaria que fosse. A criança tem então a chance de elaborar esses desgostos e desprazeres. Com a chegada precoce da adolescência muitas elaborações ficaram por ser feitas e o jovem já tem que lidar com as agruras de uma vida totalmente nova e desconhecida. É verdadeiramente enlouquecedor e angustiante.
Nesses momentos se manter sã e com os pés na realidade é a melhor maneira de ajudar quem se encontra nesse estado. Assim você não irá “enlouquecer” junto com eles e manter a sua maturidade preservada é justamente o modelo que esses adolescentes mais necessitam. Eles carecem de uma visão mais realista sobre a vida que inclui também a frustração e que a frustração não precisa ser sentida como trágica, mas como um fato que precisa ser elaborado. O que você pode fazer é mostrar esse modelo de vida para eles, mesmo que isso pareça pouco e insuficiente. Gandhi tem uma frase interessante a esse respeito: Tudo o que fizeres de bom na vida será insuficiente, mas mesmo assim é importante que você o faça. Você é uma boa educadora, se não fosse não se deixaria tocar por essas questões. Parabéns por estar na luta e querendo aprender mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário