Meus filhos quando estão com muita raiva (porque eu os mando
para o banho e atrapalha, ou fazer alguma tarefa, ou separo a briga dos dois e dou
castigo, como não ver TV, ou não poder jogar), pegam as armas de brinquedo,
miram e atiram em mim. Sem parar. Se for “metralhadora”, que eles não têm, mas
fingem ter, melhor. A pergunta é: Eu os proíbo de fazer isso e como? Ou eu
ignoro e volto a tocar no assunto novamente só quando eles estiverem menos
revoltados?
Na hora em que eles estão permeáveis e amorosos, digo que não
quero mais que finjam me matar, e eles concordam um pouco envergonhados, mas na
hora da raiva, não resistem.
O que te mobilizou a fazer esta pergunta foi o fato de
que você fica triste e magoada com essa reação dos seus filhos. Além disso,
você fica assustada quando eles têm uma demonstração obvia do ódio que sentem
quando você os frustra de alguma forma e talvez pense que poderia haver algo de
errado no relacionamento de vocês.
Melanie Klein, grande psicanalista e fundadora da
psicanálise infantil, percebeu que as crianças podem odiar com bastante
intensidade e agredir (principalmente em fantasia) a mãe quando se encontram
frustradas. É que as crianças projetam na mãe toda a frustração que sentem e a
responsabilizam pelo desprazer que a dominam. Até acreditam que a mãe causa
esse desprazer todo propositalmente e por isso sentem esse impulso de atacá-la,
acabar com ela e se ver livre do incômodo.
Quando você chama a atenção dos seus filhos, cobra deles
ou os castiga, eles ficam com uma baita raiva e demonstram isso fantasiando te
aniquilar. Mas você está no seu papel quando exige deles. A mãe precisa, uma
hora ou outra, frustrar os filhos, para que eles aprendam e se eduquem. Deixar
os filhos soltos e permitir que não tenham nenhuma responsabilidade não os
ajudaria em nada, pois daria a falsa impressão de que tudo se pode.
Não há nada de errado em seus filhos terem essa fantasia
de te matar. Nos contos de fadas sempre existe a figura da madrasta que é
sempre morta no final para depois haver um reencontro com a mãe. A madrasta
nada mais é do que esse lado da mãe que todos nós gostaríamos de matar para
ficar com aquela mãe que dá carinho e que se ama. Aceite que ser mãe é em certa
medida ser a madrasta, ou seja, odiada, mas pode deixar claro a eles que mesmo
estando bravos e com raiva, assim mesmo, terão que te obedecer. O tempo é o seu
melhor aliado.
Desculpe acrescentar uma opinião?
ResponderExcluirAchei perfeita a sua orientação, só gostaria de acrescentar que a mãe poderia criar opções para os filhos descarregarem a raiva e a frustração em esportes, no desenho, em histórias e até socando almofadas, ou amassando argila... entre outras.
Um abraço.