quarta-feira, 24 de abril de 2024

Ansiedade sobre o que o futuro nos reserva

 


No mundo há uma verdadeira crise global, incluindo guerras na Europa e no Oriente Médio, mudanças climáticas extremas, desigualdade social crescente e ainda vivemos o impacto da pandemia. Há uma preocupação generalizada com o futuro da vida no planeta, chamada hoje de ecoansiedade, evidenciada por um estudo que revela altos níveis de ansiedade sobretudo entre os mais jovens sobre o futuro que nos aguarda. O termo "antropoceno" é utilizado para descrever o período atual, onde as atividades humanas têm impactos significativos no meio ambiente e no desenvolvimento da civilização. Isso quer dizer que não dá mais para ignorar e fechar os olhos para a nossa responsabilidade sobre o que fazemos em escala mundial.

Apesar do clima sombrio, algumas perspectivas otimistas são apresentadas, proposta pelo neurocientista Sidarta Ribeiro. Ele sugere que a solução para a crise ambiental e social em que vivemos pode estar no retorno aos conhecimentos dos povos originários e na promoção de cuidados mútuos. Isso quer dizer se voltar para o lado humano que todos carregamos em potencial, mas que na maior parte das vezes não colocamos em prática.

Sidarta destaca como os seres humanos têm uma natureza peculiar e contraditória, sendo ao mesmo tempo capazes de violência e de altruismo. Eles tendem a cuidar especialmente daqueles próximos a eles, enquanto competem com os outros sentidos como distantes. Sidarta sugere que a solução está em cultivar nossos melhores instintos e corrigir aspectos problemáticos, como o preconceito, assim cuidamos um dos outros de maneira mais eficiente.

Desde tempos antigos, nossos ancestrais desenvolveram uma ética de cuidado baseada em valores como atenção, responsabilidade, competência e confiança. Sem isso a humanidade não teria sobrevivido para contar história. Essa base biocultural, embora também tenha aspectos violentos e assustadores, é caracterizada pela amorosidade, generosidade e cuidado parental. Isso é que precisa ser cada vez mais nutrido.

Outro tema que precisamos também abordar e que influencia o nosso futuro é o uso cada vez mais intenso e descontrolado da tecnologia digital que, embora tenha inúmeros benefícios e veio para ficar, também pode trazer efeitos perturbadores. A constante inundação de informações e imagens na tela dificultam a reflexão e o desenvolvimento do pensamento crítico que precisamos para viver com qualidade.

Na era digital perdemos muito a capacidade de análise crítica e decisão ponderada. Além disso, a dependência dos algoritmos para tomar decisões e guiar nossas ações podem levar ao emburrecimento e ter consequências negativas no mercado de trabalho.

Se não ficarmos atentos a inteligência artificial, no futuro isso pode afetar nossa capacidade de pensar e decidir por nós mesmos. A tecnologia pode oferecer um alívio temporário da dor, mas também nos priva do prazer e da verdadeira experiência de existir.

A conclusão, se é que há alguma, questiona se a atual realidade caótica poderia ser uma oportunidade para repensar e mudar a forma como vivemos e nos relacionamos com o mundo e com os outros.


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