domingo, 16 de julho de 2023

Esquizofrenia no lar: uma vida digna para todos


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awkwardapostrophe

Pergunta do leitor: Tenho uma parente esquizofrênica e parece que ela "suga" todos os familiares que moram com ela. Todos estão com a saúde mental abalada como a própria doente. O que fazer nesses casos?

A esquizofrenia é um distúrbio que faz com que pensamentos e comportamentos da pessoa não tenham contato com a realidade. Ela fica desorganizada, limitando muito a sua vida e trazendo imensa dor e confusão tanto para ela quanto para quem está em volta. É como se fosse uma ‘fratura’ mental, ou seja, a pessoa se sente ‘quebrada’ na maneira que sente e percebe o mundo interno e externo. Geralmente, necessita de uma combinação de remédios apropriados, psicoterapia e cuidados especializados para toda a vida.

Tendemos a pensar sempre, e é natural que assim seja, na qualidade de vida do paciente, em como ajudá-lo a ter melhores condições que permitam a viver com dignidade e com o menor sofrimento possível. O paciente acaba sendo sempre o centro da atenção do todos os profissionais quando se veem envolvidos nos cuidados de alguém esquizofrênico. No entanto, os parentes próximos ou as pessoas em torno do paciente muitas vezes são desconsiderados e não recebem a atenção que se faria necessária.

Quando temos em nossa família ou dentro do nosso círculo social alguém padecendo de algo grave e que não tem alívio fácil o sofrimento se expande alcançando muitas pessoas. É porque não é só o doente que sofre, mas todos aqueles inseridos no contexto da doença. Como se diz popularmente o buraco é sempre mais embaixo, às vezes onde nem mesmo conseguimos ver.

O filme “Meu Pai” (2020) com a brilhante atuação de Anthony Hopkins mostra um caso em que o pai já com idade avançada sofre de demência. Não pode ficar mais sozinho e precisa de cuidados especiais. Sua filha cuida dele, mas ela também tem uma vida própria a viver e não pode ficar todo o tempo disponível para o pai. Ela também tem o direito a buscar seus desejos e realizações na vida. É uma daquelas situações em que a filha precisa ver como ajudar o pai, proporcionar a ele uma vida digna sem precisar com isso abdicar da sua.

Não há respostas fáceis e prontas nesses casos. Não sei qual o grau da esquizofrenia da parente em questão nem quantas pessoas estão envolvidas na situação e nem se há recursos materiais o suficiente para lidar com esse evento tais como medicação, terapias, internações e cuidados paliativos. Entretanto, só podemos trabalhar com o que temos e não com a situação que gostaríamos que fosse.

Ao contrário da esquizofrenia que rompe com a realidade é necessário aqui que aqueles que estão envolvidos tenham os pés bem plantados na realidade para se pensar em como conduzir a situação com a parente de forma mais justa para todos e menos custosa possível. Não é mesmo fácil, mas quando podemos pensar realisticamente alguma alternativa poderá surgir no horizonte. Não só a parente precisa de cuidados, mas todos os demais também.

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