terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Sonhar, não sonhar e pesadelo



          Sem a capacidade de sonhar não somos humanos. A humanidade depende do quanto podemos sonhar e também em como sonhamos. Se olharmos para qualquer coisa construída pelo ser humano: tecnologias, artes, ciência, todas foram antes sonhadas. O avião, por exemplo, que teve seu voo de estreia com Santos Dumont foi “sonhado” muito tempo antes dele. O próprio Leonardo da Vinci já havia feito alguns rascunhos de um aparelho que voasse, mas naquela época faltava ainda muita tecnologia e entendimentos para que pudesse se realizar de fato. No entanto, provavelmente vendo os pássaros o homem sonhou em voar. Nossa natureza e fisiologia não permite que façamos como as aves, mas isso não impediu que voássemos. Apenas exigiu desenvolvermos os meios que possibilitassem tal proeza. E tudo começou com um sonho, uma imaginação.

          Hoje em dia não só há várias naves aéreas como também já se saiu até do planeta. Isso também foi sonhado primeiramente. Em qualquer direção que voltamos os olhos para a atividade humana teve sempre um sonho por detrás. Sonhar então é o que nos torna verdadeiramente humanos. Uma obra de arte, seja da literatura, das pinturas e desenho, do cinema, etc precisou primeiro ser imaginada na mente de alguém e ir ganhando corpo para poder se realizar. As ideias podem encontrar em nossas mentes um terreno fértil e acolhedor que permitam que elas ganhem cada vez mais possibilidades de se efetivar. Um filme nasce da cabeça dos roteiristas, do diretor, dos atores, da equipe toda necessária para fazer o filme sair da imaginação e acontecer.

          Os sonhos são vários e há muitos jeitos de sonhar. Há os sonhos que fazem construções serem levantadas, alta tecnologia ser criada, mas também há os sonhos pessoais, que desenvolvemos para as nossas vidas. Eles são sobre o que queremos, sobre os caminhos que sentimos que precisamos tomar para podermos encontrar realizações e sermos a nós mesmos. Esses sonhos pessoais de cada um é de vital importância. Por isso uma pessoa que não sonha está adoecida, não está podendo alcançar a sua humanidade.

          Os distúrbios psíquicos que tanto falamos como pânico, depressão, crises disso e daquilo impedem de sonhar a própria vida. A pessoa que sofre desses males fica acuada sem conseguir sonhar e por conseguinte sem aquilo que impulsiona para seguir em frente. Quem não sonha não sabe o que quer, nem imagina quais trilhas ao longo da vida sente que precisa pegar. Fica-se esvaziado e isso é muito limitador.

          Sem sonhos e sem imaginação a própria vida fica enfadonha e sentida como se não tivesse valor algum. Isso é algo perigoso ou no mínimo empobrecedor demais.

          Contudo, há também a necessidade de como vamos sonhar. Podemos sonhar bons sonhos, mas podemos também transforma-los em pesadelos. Os piores horrores que vivemos também foram sonhados inicialmente, mas se tratavam de pesadelos. Guerras, violências extremas, torturas, são todos frutos de um sonho que foi virando pesadelo. Um sonho que não foi bem sonhado.

          Sonhar e criar pesadelos são frutos da habilidade humana. Temos uma responsabilidade muito grande com tudo isso. Temos que nos responsabilizar se sonhamos, não sonhamos ou criamos pesadelos. Vale a pena refletir.


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