Em certa ocasião, um aprendiz perguntou ao seu mestre: “Mestre, por favor, o que é o despertar?” O mestre respondeu “ Você já terminou de comer?” “Sim, já terminei.” “Então, vá lavar as suas tigelas!”. Ser uma pessoa “desperta”, consciente, desenvolvida, é poder responder com coerência ao momento presente. Nada mais do que isso. Parece simples, mas como já dizia a estilista francesa Coco Chanel “Nada dá mais trabalho que o simples.” Pois é, as coisas mais simples de serem alcançadas, geralmente, dão mais trabalho e exigem muito mais.
Há pessoas que imaginam que alguém mais desenvolvido, mais desperto, será uma pessoa absorta em pensamentos grandiosos, que estará sempre filosofando e se ocupando de grandes questões metafisicas. Ocorre que quem se ocupa disso tudo não está tão desperto assim. São pessoas que se “perdem” em vãs filosofias e não dão conta do "aqui e agora". A vida não é nem ontem nem amanhã, mas é aqui e agora, e ela nos dá de tudo: de questões de vida e morte a até lavar uma simples tigela.
Vi, uma vez, uma entrevista com um velho para quem foi perguntado como ele vivia tão bem a vida. Ele respondeu que quando dormia, ele dormia; quando comia, ele comia; quando lia, ele lia. Veja que simplicidade de resposta e o quão difícil alcançar esse estado porque a gente, geralmente, faz certas atividades pensando em mil e uma outras coisas. Não ficamos presentes e, por isso mesmo, não vivemos no aqui e agora.
Quem não vive no presente, na verdade, não vive, mas sonha que vive. Talvez fosse melhor dizer que alucina do que vive. O que mais há no mundo são pessoas que alucinam que estão vivendo. Elas estão trabalhando, mas pensando no que vão fazer depois do trabalho; depois do trabalho elas estão imaginando o que vão fazer no final de semana. No fim de semana elas vão fantasiar sobre o que vão fazer no resto da semana, e por aí vai. Não tem fim. E o tempo presente vai passando, muitas vezes, despercebido.
Não é à toa que muitas pessoas dizem: “Como o tempo passa rápido, nem percebi que já passou tanto tempo assim.” Ou “Como meus filhos cresceram rápido. Nem pude aproveitar direito a infância deles.” O que aconteceu é que o presente não foi vivido como poderia e quando se olha para trás se vê, então, o que passou e foi perdido.
Quando uma pessoa vive através de suas alucinações ela está num estado em que não está nem dormindo nem acordada. Está numa terra de ninguém, perdida, sem eira nem beira. Uma pessoa desperta, pelo contrário, saberá onde está e o que precisa ser feito. Entenderá quais são as reais necessidades de sua vida que precisam ser atendidas e não perderá tempo com pensamentos vazios.
No momento que entendemos isso não perdemos mais tempo. Porque compreender isso nos faz dar valor para o tempo presente, para o que temos e podemos viver no aqui e agora. Enquanto estamos fazendo algo não há nada mais importante que aquilo. Depois, quando esse algo terminar, outra coisa será mais importante e, assim, podemos despertar minuto a minuto.
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