Ficamos enraivecidos facilmente com os outros e com as situações. No trânsito, então, nem se fala. Parece que está quase todo mundo com raiva todo o tempo. É só alguma coisa, até mesmo insignificante, acontecer que há xingamentos, buzinadas e gestos obscenos para todos e para tudo que é lado. Não só no trânsito, mas também na vida familiar, no trabalho e em muitos outros lugares a raiva está sempre presente e tornando tudo muito difícil. Geralmente acreditamos que são as outras pessoas e as situações que nos causam este sentimento de raiva, mas na verdade, essa raiva já existe dentro de cada um. Nós mesmos somos a fonte da raiva que sentimos.
Imagine que alguém tenha te insultado. Você sentirá a raiva irromper, você vai ferver e notar que a raiva vai ser descarregada na pessoa que o insultou. Talvez você não tenha percebido, mas a raiva é sua. A outra pessoa não é a fonte dessa raiva. Talvez, o outro tenha atingido a fonte, mas se a raiva não estivesse dentro de você ela não poderia aflorar. Só aflora raiva quando ela já existe em algum lugar.
Se você jogar um balde num poço cheio de água ele vai voltar com água dentro. Mas se o poço estiver vazio o balde retornará vazio. A água é do poço, assim como a raiva é sua. O balde, nesse caso, só ajudou a trazer a água para fora. A pessoa ou situação que te irritou fez o papel do balde. Portanto, a pessoa que te insulta está jogando um balde em você e ele sairá cheio daquilo que existe lá dentro, seja raiva ou qualquer outro sentimento.
É importante lembrar que ninguém e nada lá fora tem o poder de fazer você sentir isso ou aquilo, apenas traz à tona o que já existe. Na situação do trânsito, mencionada acima, quando alguém fica com raiva do outro é na verdade uma raiva que já estava presente e que encontrou uma “desculpa” ou “motivo” para sair e ser expressa.
Nesses momentos em que percebemos que estamos transbordando raiva - ou pode ser até mesmo qualquer outra emoção - é importante prestarmos atenção ao nosso mundo interno, porque é dali que está tudo vindo. A fonte é a nossa mente. O ódio, o amor, ou seja o que for, tudo vem da sua fonte e se ousarmos mergulhar dentro de nós mesmos poderemos ter a chance de compreender melhor nossos processos internos, entender a maneira como funcionamos. Com essa compreensão podemos lidar melhor com o que sentimos. Vamos saber o que é nosso e nos apropriarmos do que fazemos com o que é nossos.
Assim, nos tornamos mais conscientes de nós mesmos e menos dependentes dos outros e do ambiente externo. Vamos nos responsabilizar mais pelos nossos atos, ao invés de jogar toda a culpa nos ombros dos outros e das situações.
O resultado dde toda essa consciência é a possibilidade de viver melhor consigo e com os demais. A qualidade de vida pode ser imensamente melhorada para todos, mas, para isso, se faz necessário entendermos mais sob nós mesmos e aprendermos a lidar com o que nos pertence. Caso contrário, ficarmos sempre dependentes de alguma coisa lá fora para "justificarmos" tudo o que sentimos. Viver dependente nunca é um bom negócio.
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