Um homem vivia à beira da estrada e
vendia cachorros-quentes. Não possuía rádio e por problemas de visão não podia
ler jornais. Em compensação, vendia bons cachorros-quentes. Colocou um cartaz
na beira da estrada, anunciando a mercadoria, e ficou por ali gritando quando
alguém passava: “Olha o cachorro-quente especial!” E as pessoas compravam. Com isso,
aumentaram os pedidos de pão e salsicha, e acabou construindo uma mercearia.
Então, ao telefonar para o filho, que morava na capital, e contar as novidades,
o filho lhe disse:
- Pai, o senhor não tem ouvido as
notícias? Há uma crise muito séria e a situação do país e internacional é
perigosíssima.
Diante disso o pai pensou: “Meu
filho mora na capital, estuda em universidade, vê notícias, portanto deve saber
o que está dizendo!” E reduziu os pedidos de pão e salsicha, tirou o cartaz da
beira da estrada e não ficou por ali apregoando o seu produto. As vendas caíram
enormemente. Então, disse ao filho: “Você tinha razão, filho, a crise é muito
séria!
Fico imaginando o quanto nós mesmos não impedimos nossas
experiências e vivências de se desenvolver. Ás vezes, está tudo se
encaminhando, seja no nosso romance, nos nossos planos, nos nossos sonhos e por
algum motivo que pensamos ser muito real paramos com tudo. Estagnamos e não
acreditamos que possa ser diferente. Com muita facilidade abandonamos o que nos
é caro.
Penso que temos medo de ser feliz de fato. Parece
contraditório, afinal quem não quer ser feliz? Mas nos sentimos culpados, mesmo
que culpa não há. Tememos dar certo em muitas coisas em nossas vidas. Achamos
que o normal, o natural é dar tudo errado e que o certo é um mero acidente.
Quantas vezes não paramos porque parece estranho seguir em frente com tudo
indo?
Damos mais valor à percepção geral do senso comum de que
tudo tem que ser muito difícil que não acreditamos quando algo vai bem. Não
estamos destinados a sofrer à toa. A vida já nos traz sofrimentos suficientes,
mas não precisamos acrescentar mais.
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