A dor é algo assustador e que todos nós tememos. Passar
por uma doença que causa dores no corpo, sofrer um acidente, se submeter a um
tratamento dolorido, tudo isso tira a paz e o sossego de muita gente. A dor
física é facilmente reconhecida e tratada, graças à medicina e farmácia cada
vez melhores. Além disso a dor no corpo é aceita com mais naturalidade, o que
facilita o seu entendimento e tratamento. Porém, quanto à dor emocional, mais
comumente chamada de angústia, a história é outra.
Por mais avançada que estejam a tecnologia, a ciência
médica e farmacêutica a dor emocional continua presente e minando a vida de
muitas pessoas. Para o que se passa na dimensão subjetiva os remédios podem ter
efeitos paliativos, mas não são a solução. Os médicos, frequentemente,
encontram em seus consultórios gente que padece de um sofrimento que está além
do físico e para a qual eles não têm preparo para enfrentar: a dor mental.
Verdade seja dita, os pacientes exigem muito dos seus
médicos, cobram que eles sejam da categoria dos deuses e que para tudo
encontrem ou deem a solução definitiva. E quando os médicos se submetem, mesmo
sem perceber, a essa exigência acabam ficando impotentes e confusos porque o
que precisa ser tratado é de outra dimensão porque tem a ver com a mente e esta
é mais do que o corpo.
Depressões, fobias, estados obsessivos, psicossomatizações
são todas formas pelas quais a dor emocional se manifesta. Quem sofre dela não
sabe dizer dessa dor, não tem palavras, mas reconhece que sente angústia. O que
fazer com essa angústia quando hoje em dia demandamos que tudo seja resolvido
para ontem? Como suportar uma dor que não tem analgésico que dê conta? Como
superá-la?
Seja desde a dor de um distúrbio mental ou a dor de um
processo de perda ou luto, ou de um sentimento de humilhação, a única
possibilidade é saber lidar com o que se sente. Lidamos com nossas dores de
maneira ineficaz e de forma que só traz mais dores. Ninguém nasce sabendo lidar
de maneira eficiente com a dor psíquica, mas é algo que se aprende ao longo da
vida e através das experiências. Para lidar com a dor subjetiva é preciso ser
humano e ninguém nasce humano, porém torna-se humano.
A cura psicológica existe, contudo é diferente da cura do
senso comum. A palavra cura vem do latim e significa cuidar. Portanto curar é
cuidar. Um curador de um museu cuida das obras de arte. Nossa vida é uma bela
obra de arte e aprender a cuidar de nós mesmos é imperativo para podermos viver
com qualidade. A cura psicológica só se dá quando alguém passa a cuidar de si,
ou seja, a se relacionar consigo e com o mundo de uma maneira diferente e mais
favorável.
Uma pessoa que come demais comidas nada nutritivas não
tem só um problema orgânico, mas uma dificuldade pessoal de se relacionar
melhor com sua fome. Quem não cuida de um órgão que requer atenção, não mostra
que está sendo displicente só com seu físico, mas com toda a sua integridade.
Se cuidamos tão bem de nossos corpos, porque não damos um passo a mais para
cuidar da forma como vivemos de fato? Talvez, porque mudar como vivemos exige
que lidemos com a angústia, agora não mais como inimiga que precisa ser
eliminada, mas como um alerta de que algo não vai bem.
Usar a angústia a nosso favor ocorre dentro de um
processo analítico ou psicoterapêutico. Quando se se permite falar da dor
emocional que existe ela passa a ganhar outra forma. Esse tipo de dor só se
supera entrando nela para poder transforma-la em algo que não nos doa mais. O
consultório de um analista ou psicoterapeuta é o melhor espaço para cada um
aprender como lidar com a dor que sente de uma maneira mais humana.
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