Arte: @dalton.albertin
Tirando
os elementos fisiológicos (hormonais) envolvidos numa paixão, porque é tão
difícil parar de amar uma pessoa por mais que ele se mostre indisponível e desinteressado
em você? Até que ponto esse sofrimento está fora do nosso controle? Nos últimos dois anos minha vida tem sido ser
um satélite desse cara, que por acaso é meu melhor amigo e com quem eu
moro. Mas eu tô exausto desse sentimento. Do sofrimento que isso causa. É
possível eu e ele sermos amigos íntimos e ter uma amizade intensa sem que eu
sofra por amar ele? Ou me afastar dele e mudar a minha vida do avesso seria a
única solução? Nós basicamente vivemos como
um casal. Mas não somos um. Ele tem esse limite bem estabelecido. Somos apenas
amigos. Ainda que transamos eventualmente. E todo o resto de nossa rotina seja
a de um casal (exceto o posicionamento afetivo dele em relação a mim).
Não
mandamos em nossos sentimentos. O que sentimos está fora de nosso controle, mas
o que vamos fazer com o que sentimos podemos, sim, lidar de uma maneira
eficiente. Se sentir um satélite é
deixar a sua vida de lado, afinal um satélite orbita ao redor de algo, está
preso na gravidade de algo maior. Os planetas orbitam o sol, pois a força
gravitacional deste “capta” os planetas mantendo-os numa posição definida. A
questão agora é você compreender porque será que você fez desse sujeito algo
tão grande que te capturou?
Você gosta dele, claro, sente
atração, mas não sabe qual a sua posição com ele. Amigos vocês não são porque
amigos não transam. A amizade é uma relação que não envolve o sexo, mas
namorados vocês também não são porque ele não assume. Na verdade, você está no
limbo, nem uma coisa nem outra, e isso vem lhe trazendo sofrimento. Ele não é o
sol para te prender em sua força gravitacional, mas quem te prende então? A
resposta é você mesmo!
Não escolhemos por quem sentimos
atração e afetos. Até aí tudo bem, mas por que será que você insiste em alguém
que nas suas próprias palavras se mostra
indisponível e desinteressado? Você se coloca nessa posição e persiste nela
mesmo que às custas de sofrimento. Também segundo você ele já estabeleceu que
não quer um relacionamento, mas você espera que algo mude. Para ele, parece,
está muito bem e cômodo assim. Quem está incomodado é você e deverá partir de
você uma mudança. Deverá primeiro saber de verdade o que você quer. Ser amigo?
Para isso terá que abrir mão do sexo com ele definitivamente e abandonar o
desejo por um namoro. Ser namorado? Deverá ser franco com ele e botar as cartas
na mesa sobre como você se sente.
Seja qual for a sua ação não
saberemos antecipadamente quais serão as consequências. É pagar para ver. No
entanto, o que lhe é prejudicial é ficar orbitando ao redor de algo que não
mudará. Hoje você não o tem nem como amigo nem como companheiro. Vivem e não
vivem e com isso prolonga o seu sofrimento. Que tal sair de órbita?
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