sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Pergunta de Leitor - Aproximação


Tenho 23 anos e sérios problemas. Nunca tive uma namorada. Não consigo me aproximar das mulheres, elas me assustam. Mas desejos elas. Já me perguntei até se sou gay, mas só consigo desejar mulheres mesmo. Só que sou feio, não sou rico e nada que chame a atenção. Não me sinto inteligente para manter uma conversa e não sei o que dizer para chegar perto delas. Só tive relacionamentos sexuais com prostitutas, porque é bem mais fácil. Será que tem um jeito de eu melhorar em relação as mulheres?


            Ás vezes a posição masculina, a de cortejar, pode ser bastante ameaçadora mesmo. Não é fácil ousar uma aproximação quando há o risco de se sentir rejeitado. O medo da rejeição é o que te imobiliza chegar perto das mulheres que você tanto deseja. Qualquer homem tem medo da rejeição, uns mais outros menos, você calhou de ter mais e isso está muito ligado a auto-estima.
            Quando o amor não é correspondido causa o sentimento de abandono e quando o sexo não é correspondido causa o sentimento de humilhação. Hoje você se sente muito enfraquecido para enfrentar o risco desses dois sentimentos. Com uma prostituta você não corre esse risco, pois ela é paga para te acolher, mesmo que esse acolhimento seja artificial. Com ela você não precisa conversar e nem saber como agradar já que se trata de uma transação comercial.
            É mais seguro mesmo emocionalmente estar com uma prostituta do que enfrentar o medo da rejeição com uma mulher que você de fato deseje. Esse medo só vai começar mudar a medida que você trabalhar sua auto-estima. Não há outro modo. Nem todas as mulheres querem saber só de dinheiro e de deuses gregos belos e pela forma que você me escreveu parece ter bastante conteúdo para manter uma boa conversa. No seu email você se mostrou sensível e isso é uma característica muito importante para um relacionamento.
            Quando sua visão de si mesmo mudar você poderá confiar numa aproximação com uma mulher. Se tiver uma auto-estima bem construída uma rejeição não seria mais tão tenebrosa, pois você entenderia os seus valores e não ficaria tão identificado com os sentimentos de abandono e humilhação. Com uma boa auto-estima você não precisará se preocupar tanto com um desempenho perfeito, mas poderá se abrir para o que puder nascer do encontro entre você e ela. Que tal procurar ajuda e trabalhar na construção de si mesmo?

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Compradores Maníacos


            Quem não gosta de ir às compras? Praticamente todo o mundo gosta. Porém, como tudo na vida é preciso equilíbrio senão o que poderia ser algo bom se torna doença e fonte de inúmeros problemas. Os compradores maníacos já não sabem mais o que é comprar, eles só reconhecem a necessidade de comprar e caso não comprem se sentem muito mal. Eles ficam aprisionados no ato de comprar e se esquecem de viver.
            Esses compradores sofrem de compulsão. A compulsão domina a vida levando a pessoa a ter que realizar determinados atos acreditando que quando os realizar vai se sentir completa e satisfeita. Ocorre que a satisfação nunca chega e mais a pessoa fica presa à repetição achando que uma hora ou outra a satisfação vai acontecer. Torna-se um ciclo vicioso que só leva a mais repetição e à prisão.
            Quando alguém compra compulsivamente acredita que vai encontrar satisfação, mas a satisfação que necessita só pode ser encontrada na mente e não em coisas físicas e à venda. É um fato que muitas pessoas confundem, com muita frequência, coisas que são da dimensão do subjetivo com coisas materiais. O que é material concreto podemos pegar, apalpar e sentir que possuímos, já o que é subjetivo não e demanda outro tipo de entendimento. Então se tornar compulsivo é sempre um mau negócio porque a compulsão leva ao concreto e não à verdade subjetiva de cada um.
            Comprar não vai trazer para a vida da pessoa o que ela realmente mais quer e precisa. Isso só pode acontecer à medida que se volta para as questões do mundo interno, quando a mente é levada em consideração. Aliás, quando a mente é negada a vida se torna sem sentido e por mais que se adquira coisas novas e deslumbrantes nada vai servir. O comprador compulsivo precisa entender o que realmente lhe falta em termos subjetivos e construir isso em sua mente. A realidade da vida implica que tenhamos que construir e trabalhar a própria mente. Muito da satisfação depende mais de nós mesmos do que das coisas materiais que podemos ter. O autoconhecimento é o que mais proporciona auto-realização e para esta não há compra que dê jeito. A auto-realização só pode ser construída e jamais comprada.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Pergunta de Leitora - Donzela Caçadora


Desde quando eu era menina sempre me senti mais ligada aos meninos do que às meninas. Preferia as brincadeiras dos meninos, que eram mais ousadas e me entediavam as brincadeiras com bonecas e casinhas. Gostava de subir em árvores, me lançar em aventuras e fazer tiro ao alvo. Hoje tenho 25 anos e sou uma mulher bonita e que os homens desejam. Consigo arrumar qualquer parceiro e me satisfaço sexualmente. Só que até agora eu nunca consegui entregar meu coração a ninguém. Eu fico com os homens, mas nunca os namoro. Quando percebo que algum homem está interessado em me namorar eu pulo fora, pois acho que eles ficam sem graça e sem atrativo nenhum, que se tornaram mansinhos demais. O que será que me acontece? É bom ser amada, mas imagino que amar também seja importante e eu não consigo amar.

            Desde pequena você se identifica mais com a posição masculina. Tal como a deusa grega Artemis, a donzela caçadora, você vai à caça, vive aventuras, mas não se entrega a nenhum homem de fato. A situação feminina lhe parece sem graça e não lhe agrada a entrega, que lhe soa mais como uma fraqueza. A cultura induz homens e mulheres a serem divididos. Enquanto uns são os caçadores heróis, as mulheres só querem saber das coisas do coração. A verdade é que tanto homens quanto mulheres precisam saber equilibrar esses dois lados dentro de si.
            Os homens são educados para devotarem o amor a si mesmo, às suas conquistas e feitos, sendo o seu grande prazer a autossuficiência. Já as mulheres foram educadas para devotarem o amor ao outro, para serem mansas. O problema começa quando um lado não entende e faz pouco do outro. Assim, os homens subvalorizam o amor pelos outros enquanto as mulheres consideram o amor a si mesmo como egoísta e animalesco. Só que temos essas duas posições dentro de nós e se esnobamos uma delas é uma parte nossa e importante que estamos esnobando.
            Não é de se surpreender que você tenha vivido tantas aventuras com os homens e nenhum amor. Afinal, a posição que você mais se identifica é a dos grandes feitos, da conquista e teme a entrega. Por isso que você esnoba quando algum homem quer viver algo mais sério com você. Você o sente fraco, desprovido de qualquer amor próprio. E você, por outro lado, tem muito medo de sentir-se da mesma maneira e se ver como fraca. No entanto, quando não valorizamos nossos dois lados não temos condições de criar laços verdadeiros, pois o amor não é só conquista, mas também entrega. É quando o masculino e feminino dentro de nós pode estar balanceado.
            Hoje você se interessa pelos homens, mas como troféu. Entrega-lhes o corpo, mas nunca o coração. Isso demonstra que o amor que você sente por si mesma ainda não pôde ter chegado a um acordo pacífico com o amor que você pode sentir pelo outro. Ao conquistar você satisfaz a sua vaidade, mas o seu desejo de amar e se ligar fica irrealizado. Resultado: você acaba ficando frustrada. Precisa aprender a equilibrar internamente o prazer da conquista, que você não precisa renunciar, ao prazer de se entregar ao ato de amar alguém. Para fazer um relacionamento dar certo é necessário saber conquistar e se entregar na medida adequada. 

domingo, 16 de novembro de 2014

Fanatismo



            Nos dicionários a palavra fanatismo tem o significado de paixão cega que leva alguém a excessos em favor de uma determinada ideia. Toda paixão cega está a serviço da ignorância e da loucura. Serve muito mais para fins destrutivos do que para qualquer outra coisa. O fanatismo é um perigo enorme para o mundo e para a vida.
            Todos podemos ter nossas ideias religiosas, políticas e doutrinárias, porém quando essas mesmas ideias ganham uma hiper valorização elas tendem a cegar. Quando um determinado pensamento é sobrevalorizado faz com que nenhum outro pensamento que seja diferente possa ter lugar e com isso a ignorância toma conta. Quanto mais fanática for uma pessoa, seja pelo que for, mais ignorante ela é e mais ela teme o que é diferente, pois o diferente pode estremecer a sua ideia tão valorizada.
            O fanatismo também tem a ver com a loucura já que quem é fanático nega a realidade e só se baseia e vê a ideia que valoriza. O fanático se identifica com tanta intensidade com a ideia valorizada que teme perdê-la porque isso significaria achar que é a sua identidade que está em jogo. A loucura está justamente nisso: confundir-se com uma ideia e negar qualquer outra realidade. Por isso o fanatismo leva à violência que é a atitude de quem se encontra em perigo. Entretanto, a pior consequência do fanatismo é engessar a pessoa numa posição onde não há mais aprendizagens e nem desenvolvimento.
            O fanático acredita que já sabe tudo o que precisa saber. Isso configura a arrogância. O arrogante não se permite aprender e inveja quem aprende. O desejo mais profundo de um fanático é que todos fiquem presos a um mundo de escuridão e que nenhuma luz se faça ver. O grande perigo disso tudo é que é mais fácil ser um fanático do que um sábio. Para ser sábio demanda um trabalho contínuo, mas para ser um fanático basta se cegar e se entregar ao primitivismo. É mais fácil apagar uma vela do que acendê-la e no escuro os piores monstros internos ficam mais fortes. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Pergunta de leitora - A maçã e a semente


Tenho 17 anos , sei que sou inteligente, mas tenho medo do futuro. Não sei como ele vai ser e tenho medo de ser alguém que não queria ser. Me pego sempre imaginando que tenho uma bola de cristal que me mostra o futuro aí eu ia mudando o meu presente de acordo com o que eu via que iria acontecer. Queria tanto que isso pudesse ser assim. Me decepciono muito fácil. Como posso fazer para controlar o meu futuro? Como você faz?

            Como eu faço o que? Controlar o meu futuro? De onde tirou essa ideia? Sinto lhe despontar, mas eu também não tenho uma bola de cristal que me permita controlar o futuro. Aliás, ninguém tem, como você bem o sabe, apenas você não quer aceitar a realidade, mas prefere se desperdiçar na ilusão.
            O que você tem medo é do desconhecido, pois isto é o futuro. Não sabemos o que nos aguarda e ter que lidar com o que não sabemos pode ser bastante angustiante. No entanto, não há o que fazer, é necessário aprender a lidar com o desconhecido, ou seja, com a realidade. A sua ilusão está a serviço de ter que evitar lidar com sua angústia, pois nos seus devaneios você passa a ser mestre da ilusão, que tudo controla, e deixa de ser mais um simples ser humano que de fato é.
            Porém, evitar a realidade nunca é um bom negócio. Ficar preso em ilusões parece ser bom, mas é bastante empobrecedor pois impede que tenhamos que lidar com aquilo que é real e com isso crescer verdadeiramente. O seu devaneio seria melhor usado se você o usasse para escrever uma estória por exemplo. Quem sabe você usar a sua fértil imaginação para a arte possa lhe ser benéfico? Você poderia até imaginar os desfechos da estória de alguém que tivesse essa bola de cristal. Será que eles seriam mesmo bons?
            O poeta Robert Schuller escreveu: Qualquer um pode saber quantas sementes existem numa maçã, mas ninguém pode saber quantas maçãs existem numa semente. Essa frase nos ensina que o conhecimento ou controle do futuro nos é impossível e que nem tudo podemos, há muitas coisas que nunca saberemos. Há limites nessa vida e se você aceitar isso poderá viver sem ter que fugir através de devaneios. Os devaneios são úteis na arte, não na vida.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Análise de filme - O Homem Duplicado


            O filme canadense O Homem Duplicado (Enemy) baseado no livro homônimo do escritor português José Saramago nos leva magistralmente a uma dimensão inquietante do psiquismo. Bem real à inquietação do romance, claro que com algumas diferenças que seriam impossíveis transportar do que é escrito para o cinema, o filme não é leve e causa em quem o assiste uma densa aura de incômodo, quando não até mesmo, irritação. O diretor teve muito sucesso em nos transportar para o labirinto que é a mente do personagem protagonista.
            O filme conta a estória de um, aparentemente, sem graça professor de história. Sua vida não parece ter nada demais e chega a ser medíocre. Entretanto, ao assistir a um filme vê um ator de figuração que é idêntico a si mesmo. Ele passa a ficar obcecado por este ator e entra em contato com ele e com sua esposa. Quer saber mais e entender como podem ser tão similares e vai percebendo que apesar da semelhança física eles são totalmente diferentes. Em princípio acredita até que possam ser gêmeos separados. E é aí que o filme se complica e abre espaço para variadas interpretações.
            O filme não é claro, ou seja, não é linear como um filme que deixa tudo esclarecido e sem margens para erros de compreensão. Até mesmo a sua fotografia demonstra certa escuridão e pouca visibilidade das cores em tons mais reais. Sua trilha sonora é também soturna trazendo mais obscuridade. Ao assistirmos ao filme não sabemos mais o que está realmente acontecendo, ficamos marcados por dúvidas e zonas de confusão. É justamente aí que o diretor quis que ficássemos, bem como o escritor. Não nos é dado a certeza confortadora, mas a incerteza dolorosa e incômoda.
            O personagem, apesar de inúmeras outras interpretações, pode ser entendido como um psicótico. Alguém que sofre de psicose é como uma pessoa que sofreu uma fratura psíquica. Seu mundo interno fica completamente confuso e há momentos onde não se é mais possível perceber claramente do que se trata de realidade e do que é fantasia. O psicótico sofre por não mais conseguir saber se o que está acontecendo ao seu redor e com ele é real ou pura alucinação. O estado psicótico é altamente doloroso porque ficarmos em frequente confusão é enlouquecedor. O protagonista da estória está nesse lugar e fica desesperado tentando encontrar algum sentido e buscando enlouquecidamente uma compreensão.
            Na psicose a fronteira entre o real e a alucinação não fica bem estabelecida e o perigo reside em encarar como real aquilo que está apenas no terreno da fantasia. As chances, quando isso acontece, das coisas acabarem numa tragédia, são muito altas. O psicótico nota em si algo que não consegue compreender e sofre por vivenciar realmente e não simbolicamente a sua confusão. Quem nunca vivenciou experiências assim ou nunca teve a chance de estar próximo de alguém sofrendo de psicose não faz ideia de como esse estado é de um total desamparo e angústia. Tanto o livro quanto o filme conseguem nos fazer adentrar nesse estado e nos fazer sentir como é ficar em uma confusão sem fim e cada vez mais complicada. O sentimento é de que estamos desamparados, o que nos causa certo desagrado e desprazer. Para quem quer entender o que é uma psicose e o que ela nos faz é só se disponibilizar a ler este livro ou a ver este filme. Certamente é uma experiência interessante.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Pergunta de Leitor - Encoberto pelas questões


Afinal o que é certo e o que é errado? O que pode ser certo para mim e completamente aceitável pode, para outra pessoa, ser errado e não aceitável. Como resolver esses dilemas? Como saber qual o melhor caminho a tomar? Quem decide o que é certo? A religião? Os bons costumes? A sociedade? O que posso fazer para ter certeza das questões que nos aflige?


            Nunca recebi um email com tantos pontos de interrogação. Parece-me que você não faz perguntas, mas atira-as. Provavelmente essa atitude é resultado do enorme estado de confusão em que você se encontra. Confusão esta que perece ter a ver com um dilema específico que você enfrenta.
            A sua pergunta não está completa. Há algo que está oculto e que impede uma reflexão mais clara. Muito certamente você passa por um dilema, mas já se sente culpado e crê que poderá ser condenado pelos outros. É como se o que você deseja você mesmo já condena e atira perguntas para tudo que é lado como forma de relativizar o problema de fato. O que você quer saber é se seu desejo é válido.
            Não é a religião, os bons costumes e nem a sociedade que definem o caminho certo. Querer encontrar uma resposta universal para os problemas é uma maneira de evitar o ato de pensar, o que me leva a acreditar que pensar sobre o seu dilema está lhe causando sofrimento. Você quer uma resposta pronta para o seu dilema, mas não se debruçar sobre ele, por isso que não completou a sua pergunta.
            Hoje você se encontra numa encruzilhada entre realizar o seu desejo ou obedecer ao que idealiza. Está em conflito. Para se sair do conflito é necessário conhecer bem o que está em jogo. Não se trata de encontrar respostas, nem de aceitar uma coisa e condenar outra, porém se trata de saber o que você pode fazer com você mesmo e com os seus recursos. Não há muito mais como eu lhe ajudar aqui, pois você evitou trazer a sua real questão. Resta agora você não fugir mais do seu dilema e pensar verdadeiramente. 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Cisão


            Melanie Klein foi uma grande psicanalista que estudou e descreveu, com extrema propriedade, o mundo interno mental. Ela se dedicou com maestria aos estudos da mente primitiva e chegou a conclusão que uma mente primitiva fica presa num estágio mental que ela chamou de posição esquizo-paranóide.  Essa posição se caracteriza como sendo o primeiro estágio mental que uma criança recém-nascida tem. Apesar de ser próprio das crianças pequenas todos carregamos esse estágio dentro de nós e dependendo de como ele foi vivido e resolvido as suas consequências são sentidas com bastante intensidade na vida adulta.
            A posição esquizo-paranóide é um estágio mental onde o mundo é dividido entre bom e mau. É só assim que a mente primitiva consegue diferenciar as emoções que sente: ou algo é sentido como bom e a desejamos ou sentido como algo ruim e que queremos longe de nós. Tudo que é sentido como desprazer é visto como sendo o inimigo e queremos os inimigos destruídos. O grande problema nesse estágio mental é que as coisas que são sentidas como boas acabam sendo idealizadas. Elas ficam perfeitas, sem margem nenhuma para dúvidas ou críticas. Do outro lado também ocorre assim: aquilo que é visto como mau é também idealizado de forma negativa e se torna um perseguidor implacável e cruel. Quando a mente está nesse estágio não há espaço para se pensar a realidade e tudo é enxergado sob o prisma do ou é bom e perfeito ou é mau e inimigo. Portanto, é um estado mental que funciona através da cisão, da divisão do mundo inteiro entre esses dois polos.
            A eleição acabou, mas pudemos e podemos ainda ver os estragos que a cisão na mente pode fazer. Parece que os brasileiros ficaram cindidos entre dois lados completamente opostos e irreconciliáveis. Um lado idealizou determinado candidato e demonizou o outro e vice versa. Com isso a razão e a capacidade de se pensar ficaram totalmente deixadas de lado. Tudo virou uma guerra idealizada. Qualquer que fosse o lado escolhido terminaria por sofrer ataques de qualquer jeito. E ataques violentos. O resultado da vitória agradou uns e desagradaram outros, mas se tivesse sido outro o resultado da vitória teria acontecido a mesma coisa, a mesma reação emocional e de forma violenta. O que precisamos é sermos adultos e termos uma mente mais desenvolvida. E isso serve para os dois lados das trincheiras politicas e não apenas um só!
            A cisão leva ao ódio. Quanto mais cindido for a mente de uma determinada pessoa mais ela terá ódio e será incapaz de pensar. Ódio promove ataques e dá para ver então que a receita para as desgraças está sendo feita. Para se sair da posição esquizo-paranóide é preciso integrar essas duas partes cindidas. Para isso é necessário compreender que nenhum dos dois lados foi vitorioso ou fracassado de fato, porque os seus candidatos não existiam na realidade. Existiam apenas na idealização. Quem ganhou essa eleição não foi tal e qual candidato e tal e qual legenda politica, mas a mente primitiva, que precisa ser vencida. Enquanto a politica for terreno para idealizações e não para pensamentos verdadeiros quem perde somos todos nós e esse país. Quem fica num estado de mente primitivo sem se permitir desenvolver perde sempre!