segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Medo de Crescer




             Para inúmeras pessoas ser adulto é motivo de muitas angústias. Essas pessoas são adultas socialmente e na idade cronológica, mas não são adultas na dimensão emocional. Na mente permanecem como crianças assustadas e ficam com muito ódio quando precisam se deparar e lidar com questões pertencentes ao mundo adulto. Em alguma época da vida até vislumbraram o mundo adulto e o desejaram, mas o medo as fez estancar no desenvolvimento psíquico.
            Quando regredimos emocionalmente não voltamos a ser crianças. Aquele mundo não existe mais. Nos tornamos adultos mas com pensamentos, reações e sentimentos infantis e isso nunca é um bom negócio, pois nos coloca em uma posição muito frágil e vulnerável. Afinal, se possuímos uma cabeça de criança vamos temer e não ter condições de lidar com o que a vida adulta exige.
            Para uma criança é um verdadeiro tormento e terror se ver frente às questões que exigem maturidade e que demanda se colocar disponível para viver experiências de vida mais complexas. Crianças são dependentes e necessitam de um adulto que as supervisione e até mesmo que em alguns momentos intervenha. Elas precisam ser protegidas e não sabem como cuidar de si mesmas. Dá para imaginar o transtorno que isso implica quando um adulto vive assim. Quando um adulto resiste a crescer fica fraco e incapacitado nas suas possibilidades e por isso mesmo sua qualidade de vida cai.
            Provavelmente o que mais assusta as pessoas e que as levam à uma resistência ao próprio crescimento e amadurecimento é temer ter que suportar as frustrações da vida adulta. No mundo adulto há uma série de frustrações. Não que o da criança também não haja, mas na vida adulta tendemos a acreditar que a dor não pode existir e acolhemos bem menos os nossos sofrimentos, porém é justamente as trombadas no decorrer do crescimento que nos fornecem alimento para a construção de uma mente desenvolvida. Se não aprendermos a suportar as frustrações de peito aberto e cabeça erguida não teremos meios de criar uma mente adulta. Ficaremos sempre na posição infantil que só quer elogios e não suporta o contato com a realidade mais dura e nem a necessidade de ser criativo para lidar com as adversidades que sempre dão as caras. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Pergunta de Leitora - Muito Além do Cachorro




Preciso de sua ajuda. Meu namorado possui um cachorro muito mimado, a casa é cheia de brinquedos espalhados. No aniversário do meu namorado, minha sogra ficou em casa com o cachorro, pois ele não pode ficar sozinho. O cachorro possui catarata em um dos olhos, fora isso o cachorro tem saúde perfeita. O cachorro vive no colo e rosna quando passa de uma pessoa pra outra, rosna e às vezes morde. Meu namorado e sua mãe revezam pra dormir na sala com o cachorro todos os dias. Meu namorado possui síndrome do pânico. Não sei como lidar e interpretar isso. Penso que o cachorro deveria ter uma liderança e não liderar. Acho muito estranho o comportamento da família e não sei como lidar com isso. Me ajude.

            Quando você diz que não sabe lidar com essa história do cachorro ao que será que você se refere? Afinal o cachorro e a casa não lhe pertencem e cada um vive como bem quiser. Provavelmente o que te incomoda não é o cachorro ou como este é tratado, mas como o seu namorado vive e que isso influencia o namoro de vocês.
            Seu namorado e a mãe dele, ao que parece, são pessoas bastante limitadas. Reduzem a própria vida criando rituais e esquemas para cuidar do cachorro. No entanto, o cachorro poderia ser amorosamente muito bem cuidado e de muitas outras maneiras que não os limitassem tanto. Em resumo, o que te incomoda não é o que eles fazem com o cachorro, mas como eles vivem a própria vida de uma maneira tão empobrecida.
            O cachorro é um objeto que vem sendo usado para justificar o medo do seu namorado de viver a vida. Claro que tudo o que aqui escrevo são apenas hipóteses, mas que talvez mereçam ser levadas em consideração. A síndrome do pânico pode ser entendida, de forma muito generalizada, como um temor em se viver a vida e/ou não se sentir capaz de dar conta da vida. A pessoa, em crise de pânico, teme tudo o que pode lhe acontecer, mas na verdade teme a vida que sempre traz frustrações e boa dose de sofrimentos. Para todos a vida é assim e o único recurso contra isso tudo é desenvolver uma mente mais autoconfiante e esperançosa.
            Cuidar do cachorro com catarata é mais fácil do que cuidar de si mesmo e da própria mente. É mais seguro não sair de casa, ficar “ocupado” cuidando do cachorro do que viver experiências novas e desconhecidas. O desconhecido gera terror. Seu namorado já sabe como é cuidar do cachorro, é um terreno conhecido, contudo o que não sabe é como cuidar de si mesmo. Caso seu namorado não se permita viver de fato corre o risco de te perder. Talvez o que você não sabe lidar é com o sentimento que vem tendo em relação à forma que esse namoro se encaminha. Vale a pena pensar sobre como as coisas entre vocês dois estão.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Para Viver o Presente é Preciso ser Artista




            Alguém uma vez perguntou a Buda quem havia sido na vida anterior e quem seria na vida futura, referindo-se à reencarnação. Buda tranquilamente respondeu que se esse alguém quisesse saber quem havia sido era só olhar para si agora e se queria saber quem viria a ser era só olhar para si agora. Uma ótima resposta, pois Buda ensinou o que realmente importa e focou no tempo em que podemos realmente fazer algo: o tempo presente.
            O tempo passado já se foi. Claro que deixa muitas marcas e muitas delas são bastante dolorosas e difíceis. Todos temos um passado que nos influencia seja para o bem ou para o mal. É impossível se livrar da nossa história e, aliás, nem deveríamos. Nossas experiências passadas, quando bem elaboradas, nos fortalecem e nos deixam mais serenos perante futuras dificuldades. Obviamente, para isso acontecer faz-se necessário uma posição ativa que permita se pensar sobre as experiências. Não é simplesmente se entregar ao passado de maneira passiva, mas usar das experiências como alimento para um enriquecimento. Infelizmente, isso é mais fácil falado do que realmente vivido, porque há inúmeras pessoas que fazem do passado o seu tempo presente. Negam o presente e vivem uma repetição sem fim do que já aconteceu. O problema é que quem se apega ao passado não se disponibiliza para viver o presente.
            Já outras pessoas vivem sempre um tempo que não existe: o futuro. Na verdade essas pessoas são apegadas às ilusões. Imaginam o próprio futuro de uma forma ou outra, quando estão de fato apenas alucinando e levando as alucinações a sério, como se se tratassem de coisas reais. Apegar-se às alucinações é uma maneira de fugir do presente, de evitar a realidade do aqui e agora para se entregar a um desejo (futuro) pelo qual nada tem que fazer, mas que apenas sonham de forma estéril. Entretanto, seja o futuro ou o passado, esses tempos não têm como ser vividos.
            O presente, por sua vez, é o único que pode ser utilizado. Nele podemos pensar sobre o que já nos aconteceu, tirar lições valiosas e mudar o que precisa para que, na frente, não soframos mais do mesmo jeito. Só podemos trabalhar e mudar o presente, já que o passado não se muda e o futuro depende do que fazemos agora. Tantas pessoas se perdem em tempos em que não há nada a ser feito e outras vão ainda mais longe preocupando-se com vidas passadas e futuras, esquecendo-se de investir no único tempo possível. Viver no presente parece simples, mas é uma arte que precisa ser desenvolvida continuamente.   

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Pergunta de Leitora - Em busca de si mesma




Tenho 42 anos, sou casada há 16 anos e meu marido tem 61. Casei sabendo das diferenças entre nós, mas meu marido está cada vez mais distante e eu estou cada vez mais sem esperança porque ele, depois que casamos, mudou. É um bom marido e pai, mas carinho não existe, estou carente, sempre fui atrás dele mas agora cansei, mas sinto que gosto dele. Tem dias que tenho vontade de sair sem destino. Vim de uma vida de muitos sofrimentos, já tive outro casamento e ele era um psicopata e sofri muito. Gostaria de saber se tem alguma coisa que posso fazer, porque estou sem vontade de nada.

            Quando você diz que casou sabendo das diferenças entre vocês dois sobre quais diferenças estava se referindo? A da idade? Ou alguma outra? Quando vocês casaram ele mudou, você escreveu, mas mesmo assim esse casamento já dura há 16 anos. Talvez possamos pensar que quem vem mudando seja você e que agora sente outros desejos e necessidades.
            Seu primeiro casamento, segundo suas palavras, foi com um psicopata. Isso mostra que foi um relacionamento tenso e conturbado que nada te oferecia a não ser insegurança. Ao sair de um relacionamento deste você procurou por segurança, algo que não fosse lhe oferecer perigos. Não é à toa então que você procurou um homem mais velho que fosse quase como uma figura paterna a te proteger. Assim você viveu dezesseis anos.
            Porém, agora, algo em você está diferente. Provavelmente a posição de “filha” a ser cuidada e protegida não te cabe mais e desperta desejos de viver outras experiências que nunca foram vividas. Você está cansada porque parece sentir falta de novas e diferentes facetas da sua vida e é por isso que sente vontade de sair andando sem destino. Está procurando um caminho onde sinta que esteja realmente vivendo. Até agora parece que você sobreviveu, mas o chamado da vida se faz presente e é importante escutá-lo.
            Para saber como vir a viver de fato precisará saber mais de si mesma. Para isso o autoconhecimento é fundamental. Quando nos conhecemos temos muito mais chances de fazer boas escolhas, que nos levem a crescer e se expandir. Já pensou em fazer análise? Nela você poderá falar sobre sua história e seus sonhos e assim descobrir mais sobre si própria e quais trilhas poderá pegar. A vida é importante demais para que não a vivamos. Use o seu incômodo para te ajudar a sair dessa posição que hoje você se encontra. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A Boa Autoreflexão



            Uma das melhores maneiras de percebermos como vamos indo na vida (se estamos sendo bons conosco mesmo, se crescemos e nos desenvolvemos) é uma boa autorreflexão. Esta é tomar consciência do que fazemos conosco para avaliarmos a forma com que a gente se relaciona com a vida e com os outros. Com uma autorreflexão apropriada podemos identificar nossos empecilhos e fortalecer aquilo que nos leva a nos desenvolver. Sem uma autoconsciência é impossível viver bem.
            Quando tomamos consciência do que fazemos conosco podemos compreender onde falhamos e acertamos, temos a chance de diferenciar entre aquilo que nos faz bem daquilo que só nos deixa longe de nossas verdadeiras potencialidades. Em todas as religiões há o convite para os fieis empreenderem uma autorreflexão como forma de se aperfeiçoarem, entendendo a religião aqui, é claro, não como doutrina infalível e exclusiva, mas como uma forma de se ligar ao mundo e a si mesmo. A filosofia e as várias modalidades de psicoterapia têm também como objetivo criar a possibilidade de uma autorreflexão.
            Sem uma consciência mais apurada de si mesmo é muito fácil se perder e se enganar. Ás vezes, por exemplo, achamos que estamos sendo motivadores conosco quando na verdade estamos sendo apenas cruéis. Em outras acreditamos que estamos totalmente certos em alguma determinada questão, mas no fundo estamos cegos frente a outros pontos de vistas bem mais favoráveis.
            O grande problema com uma autorreflexão, contudo, é tomar cuidado para não cair numa armadilha. Frequentemente quando vamos identificando nossas falhas podemos cair no sentimento de culpa, o que nunca é um bom negócio. Tomar consciência das nossas faltas deve ser, acima de tudo, um convite ao crescimento e não um exercício de autotortura. Infelizmente muitas pessoas não percebem que estão usando de uma falsa autorreflexão para se afundarem e desvalorizarem a si mesmas. A autorreflexão verdadeira e apropriada jamais deve servir para esses fins, pois isso conduz ao desespero e ao masoquismo e é completamente inútil. A autorreflexão deve sempre estar nos ajudando a crescer. Daí existir a figura do analista que é como um guia que ajuda o analisando a não se perder quando empreende uma autorreflexão. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Pergunta de Leitora - A Relação Possível




Gostaria de tirar uma dúvida. Eu sou casada e descobri algumas coisas sobre meu marido que me deixam insegura e que não consigo perdoar. A ex namorada dele era garota de programa e a mãe da filha dele também. Eu o amo, mas não perdoo o fato dele não ter me contado sobre isso antes. Estou confusa e não consigo perdoar e seguir com o relacionamento saudável. Isso sempre acaba voltando na minha mente.

            Reparei que você usou em seu email o verbo perdoar três vezes. Isso não deve ser à toa e mostra o quanto você se sente ofendida e atacada pela descoberta acerca do seu marido. Quando não conseguimos perdoar é porque no sentimos feridos e essa ferida tem mais a ver com o nosso narcisismo, ou seja, é uma ferida ao nosso orgulho.
            Será que ele ocultou esses fatos de você porque tem vergonha? Será que teve medo da sua reação? Talvez tudo isso deva ser levado em consideração e ser matéria para reflexão. Muito mais do que sentir que isso seja um ataque pessoal, um tiro no seu narcisismo, é tentar investigar o porquê ele nunca pôde abrir esse assunto com você. Assim, há chance de haver uma conversa e um entendimento ao invés de simplesmente haver apenas ressentimento.
            Podemos pensar que seu ressentimento tem muito a ver com o fato de seu marido ter um passado independente de você, fora do seu conhecimento e participação. E mais ainda. Ele não é obrigado a contar tudo até pela razão de que isso é da história dele. Se existem fatos que não são seus, mas do passado dele, isso não deveria te afetar. Se lhe afeta é devido alguma coisa sua e não dele.
            O que importa no seu caso é olhar para a relação presente. Como ela anda agora, como vocês a vivem. É bom? Você se sente bem? É um marido que você ama? Aquilo que te afeta no presente é da sua alçada e você só poderá solucionar os problemas que você tem com ele agora e não o que já foi dele. A gente só tem condições de viver o tempo presente. Quem vive apenas o passado só terá memorias e mágoas, quem vive apenas o futuro só terá ansiedade e medos, mas que vive o aqui e agora poderá viver de fato. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Você Aceita se Ajudar?



           Uma piada conta sobre uma pessoa que morava numa área que, devido às fortes chuvas, estava em risco de enchentes e deslizamentos. Essa pessoa foi alertada pelas autoridades várias vezes a abandonar o local, mas ela declinou dos alertas dizendo a si mesma: “Deus vai me salvar”. Após um tempo, as enchentes ficaram mais intensas alagando sua casa e deixando-a ilhada. Um bote foi despachado para salvar a pessoa que recusou ajuda afirmando: “Deus vai me salvar”. Depois de algumas horas os deslizamentos começaram, oferecendo imensos riscos e uma equipe com um helicóptero se apresentou para salvá-la, mas mais uma vez a pessoa declinou da oferta e disse: “Deus vai me salvar”. Como a pessoa não saiu de sua casa, um enorme deslizamento derrubou tudo e a pessoa morreu. Já no além, ela se encontra cara a cara com Deus e lhe acusa de tê-la deixado morrer quando ela confiava tanto em sua divina providência. Deus lhe responde: “Mas eu mandei os avisos, o bote-resgate, e a equipe com o helicóptero, porém você se recusou a aceitar ajuda. Não havia mais nada a ser feito.”
Essa piada pode ser aplicada para entender muitos fracassos na vida, mas vou me deter aqui na psicoterapia. Há pacientes que até vão às suas sessões procurar ajuda, contudo, sabem apenas procurar ajuda, mas não receber ajuda. A ajuda que procuram é algo idealizado e impossível, e quando alguém só procura por isso fica fadado à infelicidade. Querem a solução, todavia não querem que nada seja exigido. Querem mudanças, mas não querem mudar nada em si mesmas.
Quem age assim dificulta a própria vida e desenvolvimento, bem como se coloca numa posição em que nada poderá mudar de fato. Quando vamos nos tratar numa análise é porque estamos sofrendo e pagando um alto preço pelas nossas angústias e dores que minam a vida, tornando-a ineficiente e desprazerosa. Se um indivíduo está nessa, podemos dizer que está em risco de ser atropelado e levado pelas correntezas de suas dificuldades e adversidades. A única solução, portanto, é sair desse local perigoso, que, no caso, é sair dessa posição subjetiva em que sem encontra na vida. E é aí que vemos como muita gente não se ajuda.
Tal como a pessoa da piada acima, muita gente quer ser ajudada, mas não quer sair da posição em que se encontra. Em outras palavras, não quer mudar. Se a pessoa se recusa a mudar não tem como ser ajudada. A casa da piada pode ser entendida como a forma subjetiva que um dado indivíduo se agarra e vive. Quem não aceita deixar essa casa/modo de vida para trás fica sempre na mesma, caindo nos mesmos erros e perigos. A pessoa se repete no seu sofrimento. Isso configura uma pobreza psíquica que gera uma má qualidade de vida.
Uma das funções da análise é ajudar o paciente a sair dessa posição crítica em que se colocou, porém o analista não tem como fazer isso sozinho. Ele precisa da ajuda do próprio paciente. Por isso que, estar em análise é mais do que simplesmente ir a uma sessão, mas é permitir a transformação que a análise pode provocar. Entendo que transformações sejam assustadoras e que criem muitas resistências. Afinal, tememos abandonar aquilo tudo que é conhecido e já estabelecido. Mudar nossa maneira de pensar a vida e de se relacionar com o mundo é tal qual abandonar uma casa que já temos e que nos é bem familiar e ir para outra casa que desconhecemos ou que ainda nem foi construída. Nos sentimos desamparados. Entretanto, insistir em permanecer numa casa ou modo de vida que está em perigo de ruir é muito pior, porque aí o que se perde é a própria vida. Você aceita abandonar a “casa” que está morando para construir outra melhor?

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Pergunta de Leitora - Muito Além do Romantismo



Namoro há quatro anos e sempre quem tem o ciúme sou eu.  Ele é bem tranquilo até porque não tem motivos para ciúme. Atualmente não tenho rede social, apenas ele tem uma de mentira que usamos para ver algumas páginas. A minha maior queixa é ele não ser romântico, não é do tipo que faz uma declaração para mim. Nesses quatro anos nunca ganhei um bilhete sequer. Eu acho que isso daria uma energia no namoro e já disse isso para ele e aí ele fala que eu só reclamo. Há algo que eu possa fazer para ele mudar isso? Ou tenho que me conformar? Nos amamos muito, mas isso faria um diferencial para mim. Se vejo que ele acessa alguma página de mulheres já me dá raiva e falo: - “Por que você não pesquisa algo romântico para mandar para mim?” Sempre falo isso mas não adianta.

            Você deseja mais romantismo. Sente falta de uma atenção dele para com você e também sente que essa desatenção “estraga” um pouco a relação. Mas a questão que deve ser olhada não é só a falta de romantismo, porém como vocês dois vem vivendo. Como será que está a relação? Como vocês namoram? Como está a vida sexual?
            A falta de romantismo, que você identifica, não é origem dos problemas, mas consequência. Pode tanto ser consequência de um jeito dele como também de algo que no relacionamento se encontra sem vida. Você mesma diz que precisaria de “mais energia” no que vocês vivem. Será que isso implica que vocês estão vivendo esse relacionamento de maneira muito burocrática, sem encantos e novas descobertas? Será que está aí o que você chama de falta de romantismo?
            Algo que me chamou atenção foi você dizer que ele não tem motivos para ter ciúme já que parece que você vive muito para ele e pouco para você. Nem rede social você tem. A rede social a que me refiro não implica somente as virtuais, mas as reais, aquelas que temos no nosso dia a dia. Pode ser que você está se limitando muito e com isso trazendo um peso para esse relacionamento. Um casal não são metades que se completa, isso é bobagem, mas cada um deve ter a sua vida, seus interesses, suas amizades que vão além de uma vida conjunta. Afinal, nenhum de vocês dois nasceram grudados, não tem também porque viver grudados a todo instante. Talvez ao você se limitar vai perdendo energia e teme com isso ele perder o interesse por você.
            Outra coisa a considerar é você pensar porque é um problema ele ver páginas com mulheres. É por ciúmes, por questões morais ou é por que isso mostra que a sexualidade ativa, sua e dele, pode ser um problema? Sexo é também, num relacionamento, um ingrediente tão importante quanto o romantismo. Será que você vê assim? Enfim, são muitas questões que, ao ser pensadas, podem te dar uma direção. Você não precisa simplesmente se conformar com a vida assim, contudo deve investigar mais a fundo o que te passa para viver o melhor que você pode e tornar-se quem você precisa ser. Numa análise poderá falar de si e encontrar sentidos que hoje estão desconhecidos e te deixando carente por entender qual a posição que você vem ocupando.